Com romances históricos, autobiografias e o prelúdio de uma franquia pop, o mercado literário promete trazer, neste ano, novidades para o Brasil sintonizadas a grandes lançamentos mundiais.
O retorno da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, depois uma dezena, é uma das grandes estreias do ano, com “A Descrição dos Sonhos”, seu primeiro romance desde “Americanah”. Outros destaques são as autobiografias do Papa Francisco, “Esperança”, e do bilionário da tecnologia Bill Gates, “Código-fonte: Uma vez que Tudo Começou”.
Já o prelúdio de Jogos Vorazes, “Sunrise on the Reaping” (ainda sem título em português), promete atrair os fãs da saga de Suzanne Collins. A história explora os eventos que antecederam os romances originais e prepara o terreno para uma adaptação cinematográfica já em produção.
Entre os lançamentos brasileiros, Adélia Prado faz seu retorno depois dez anos sem publicar com “O Jardim das Oliveiras”. Lira Neto, com a biografia “Oswald de Andrade: Mau Selvagem”, que explora as contradições do icônico modernista.
Outro título com bastante expectativa em torno de seu lançamento é “Uma vez que Salvar a Amazônia”, de Dom Philips, finalizado por colegas do jornalista depois seu trágico assassínio em 2022.
Confira a lista completa aquém.
‘A Descrição dos Sonhos’, de Chimamanda Ngozi Adichie
Em março, a Companhia das Letras se soma ao lançamento global do novo livro da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. É o primeiro romance da escritora desde “Americanah”. O livro será lançado simultaneamente no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e Canadá.
Com dramas familiares, ambições profissionais e dilemas românticos no núcleo da narrativa, a mais recente obra da autora de clássicos modernos porquê “Hibisco Roxo” e “Meio Sol Amarelo” conta a história de quatro mulheres vivendo na Nigéria e nos Estados Unidos.
‘O Jardim das Oliveiras’, de Adélia Prado
Outro retorno depois de mais de uma dezena é o de Adélia Prado. A poetisa mineira de 89 anos publica “O Jardim das Oliveiras” pela editora Record. O novo livro de poemas, depois “Miserere” (2013), dialoga com a angústia que a autora viveu nos 10 anos em que passou sem redigir.
Autora de “O coração disparado” e “O varão da mão seca”, Adélia ganhou o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa, e venceu o prêmio Machado de Assis no ano pretérito.
A escritora vive em Divinópolis e tem sido ativa nas redes sociais, onde passou a compartilhar seus poemas.
‘Meu Nome é Emilia del Valle’, de Isabel Allende
Em maio, a chilena Isabel Allende volta com um romance histórico inédito, “Meu Nome é Emilia del Valle”. O livro será lançado pela Bertrand Brasil.
A história acompanha a jovem escritora e jornalista Emilia Del Valle, que viaja para o Chile para entupir uma guerra social iminente. Lá, ela conhece seu pai distante e mergulha no confronto violento no país onde estão suas raízes.
“Esperança” é a primeira autobiografia de um papa. Trabalhado ao longo de seis anos, o livro narra as memórias do Papa Francisco, que escreve sobre questões centrais do pontificado.
Guerras, transmigração, crise ambiental, políticas sociais, a quesito das mulheres, sexualidade e o porvir da Igreja e das religiões são alguns temas abordados pelo pontífice na obra.
O livro, que será publicado em fevereiro pela Fontanar, conta com fotos do pilha pessoal do líder religioso.
‘Código-fonte: Uma vez que Tudo Começou’, de Bill Gates
Na seara das autobiografias, a Companhia das Letras lança o relato pessoal de porquê Bill Gates se tornou quem é hoje: sua puerícia, suas primeiras paixões e aspirações.
Em “Código-fonte: Uma vez que Tudo Começou”, o bilionário da tecnologia relembra relações familiares, a morte repentina de seu melhor camarada na puerícia e a invenção de um universo de códigos e computadores quando o campo dava seus primeiros passos.
‘Oswald de Andrade: Mau Selvagem’, de Lira Neto
O jornalista Lira Neto lança em fevereiro sua biografia “Oswald de Andrade: Mau Selvagem”, sobre o responsável de “Manifesto Canibal” e “Manifesto da Trova Pau-Brasil”. A obra do modernista domínio público neste ano, depois completar 70 anos de sua morte.
Desde 2020, Lira Neto, que já recebeu quatro vezes o Prêmio Jabuti, se dedica a pesquisar a vida do responsável do modernista.
Com estilo cinematográfico e amparado em espaçoso pilha documental, o biógrafo explora as contradições da personalidade de seu biografado. O livro também é lançado pela Companhia das Letras.
‘Utopia Autoritária Brasileira’, de Carlos Fico
Historiador brasílio perito em ditadura militar, Carlos Fico lança “Utopia Autoritária Brasileira” pelo selo Sátira, da editora Planeta.
A obra aborda porquê todas as crises democráticas da república brasileira vieram dos militares. O livro reflete a teoria, para o responsável equivocada, de que os militares seriam um bastião das instituições brasileiras.
‘Uma vez que Salvar a Amazônia’, de Dom Philips
“Uma vez que Salvar a Amazônia” é o livro que o jornalista britânico Dom Philips escrevia quando desapareceu e foi morto ao lado indigenista Bruno Araújo Pereira, em 2022.
A morte do jornalista levou a um movimento de federação entre colegas repórteres e editores, de diversos países, para terminar o livro –que será lançado pela Companhia das Letras em maio deste ano.
Num momento de crescente interesse internacional pela Amazônia, o jornalista produziu dezenas de reportagens sobre o bioma para o jornal britânico The Guardian e se tornou uma das principais vozes na prensa estrangeira a documentar o progressão do desmatamento durante o governo Jair Bolsonaro.
‘Sunrise On the Reaping’, de Suzanne Collins
Ainda sem título em português, “Sunrise On the Reaping” é um prelúdio de Jogos Vorazes, ambientado 24 anos antes dos eventos dos romances originais, começando na manhã da colheita para o 50º Jogos Vorazes.
O livro sai pela Rocco e vai virar um filme, com previsão de estreia para 2026.
‘Sem Despedidas’, de Han Kang
A editora Todavia lança a obra mais recente de Han Kang, a primeira sul-coreana a lucrar o Prêmio Nobel de Literatura, em 2024. A autora ficou conhecida pelos romances “A Vegetariana” e “Atos Humanos”.
“Sem Despedidas” conta a história de uma romancista, Gyeong-ha, que viaja para Jeju a pedido de sua amiga, In-seon, para resgatar um pássaro que ela diz ter sido deixado sozinho em sua moradia. A escritora é confrontada com o pretérito doloroso da família da amiga em relação ao massacre de Jeju, que ocorreu na Coreia do Sul em 1948.
O título deve transpor ainda no primeiro semestre.