Evangelistas Da Ia Chegam Ao Brasil 17/02/2025 Tec

Evangelistas da IA chegam ao Brasil – 17/02/2025 – Tec

Tecnologia

Os evangelistas da perceptibilidade sintético (IA) —ideólogos que espalham as teses políticas e utopias tecnológicas vislumbradas no Vale do Silício— começam a chegar ao Brasil nas figuras de fundadores de startups, associações empresariais e think tanks.

Duas das ideologias inspiradas pelo progresso tecnológico são o aceleracionismo e o altruísmo efetivo.

Na primeira há a crença de que o progresso tecnológico resolverá todos os problemas que a humanidade tem e herdou.

Na segunda, o altruísmo efetivo propõe calcular benefícios e prejuízos de cada decisão (o que seria verosímil com tecnologia) antes de levá-la adiante.

Ambas as ideologias funcionam sob a premissa de ganhos econômicos exponenciais por meio da perceptibilidade sintético e da procura pela singularidade (o momento hipotético em que as pessoas se fundiriam com a perceptibilidade sintético para superar limites biológicos, uma vez que a morte).

Esse noção faz secção de outra uma pregada pelos evangelistas, chamada de transhumanismo.

Esses são alguns dos princípios da escola de executivos fundada pelo pioneiro da perceptibilidade sintético Ray Kurzweil, a Singularity University, que chegou ao Brasil em 2019 e ganhou mais projeção neste ano.

Também inspiram comunidades de entusiastas da perceptibilidade sintético uma vez que a AI Brasil e grupos de pressão uma vez que a Abria (Associação Brasileira de Lucidez Sintético).

Todas essas entidades foram ouvidas, ao longo do ano pretérito, por parlamentares, grandes empresários e associações setoriais, uma vez que o Sest/Senat (dos transportes) e a Anoreg (dos cartorários), durante os debates sobre a regulamentação da perceptibilidade sintético.

Esses grupos organizados são alvos de críticas de teóricos da mídia e da internet, pelo risco de disseminarem o dataísmo. O termo cunhado pela socióloga holandesa José Van Dijk faz referência a uma crença religiosa nos dados digitais e em quem os detêm —em universal, os grandes conglomerados de tecnologia. Segundo os críticos, a ideologia pode levar à desdém de transgressões éticas e legais, além de enfraquecer os ritos democráticos.

A Folha assistiu duas palestras do professor da Singularity Eduardo Ibrahim em São Paulo —as exposições costumam resistir pouco mais de uma hora e custam até R$ 50 milénio. Nelas, o palestrante dizia que a perceptibilidade sintético já se comunica melhor do que as pessoas, citava a possibilidade de produzir um CEO sintético com os conhecimentos de Elon Musk e de Jeff Bezos (o fundador da Amazon) e afirmava ser inevitável um horizonte no qual os robôs tomarão as decisões políticas e econômicas mais importantes.

Ibrahim diz que o momento em que a tecnologia superará o ser humano em capacidade de raciocínio está próximo. O protótipo mais recente da OpenAI, lembra ele, já se sai melhor em provas do que os doutores americanos. Por isso, será uma transição procedente legar decisões sensíveis da economia e da política às máquinas.

A tecnologia, defende ele, seria capaz de superar os paradigmas atuais da política pública. O economista de formação diz que as decisões econômicas são tomadas por agentes políticos desprovidos de conhecimento técnico. “Vai permanecer evidente para a sociedade e para o político que delegar a escolha para a perceptibilidade sintético será a melhor escolha.”

As últimas eleições, porém, parecem mostrar que essa veras está distante: candidaturas que tinham o uso da perceptibilidade sintético uma vez que mote estiveram entre as menos votadas em seus respectivos pleitos. Questionado sobre isso, Ibrahim argumenta que a situação deve mudar quando os robôs passarem, gradualmente, a ocupar espaços colegiados, uma vez que o Congresso ou o juízo consultivo, no caso de empresas.

“Em vez de substituir todo o juízo ou substituir o CEO por uma IA, é verosímil aditar uma IA uma vez que membro do juízo, com um voto informado”, diz. “Com o tempo, as pessoas talvez percebam que o voto da IA é muito importante”, acrescenta.

Uma das ocasiões em que a reportagem assistiu a uma apresentação de Ibrahim foi o lançamento do VCAI, o primeiro fundo de investimento de risco voltado a empresas de perceptibilidade sintético. A iniciativa une o quantia da gestora de ativos Reag, com a direção de Leonardo Santos, o fundador da Semantix —o primeiro unicórnio brasílio de perceptibilidade sintético.

Santos também é outro autodenominado “evangelista da perceptibilidade sintético”. Desde que retornou ao Brasil, depois de retirar em abril de 2024 a sua empresa da Nasdaq (a Bolsa nova-iorquina conhecida por manter ações de tecnologia), ele se dedica à comunidade Brasil AI e ao grupo de pressão Abria, dos quais é fundador.

Hoje, a AI Brasil reúne 7.615 pessoas em grupos de WhatsApp, para debater os lançamentos mais recentes de IA, discutir os riscos jurídicos e fazer negócios. Por exemplo, em 10 de dezembro, quando o Senado aprovou em primeira votação o projeto de lei de regulação de IA, membros do grupo reclamaram no WhatsApp que o texto gerava instabilidade para o setor. Um deles criticou o texto por não definir o que é um protótipo nem o que é algoritmo. O risco é permanecer para trás na corrida pela perceptibilidade sintético.

A entidade também promove eventos presenciais todos os meses. Nos eventos, o grupo anda uniformizado e entoa gritos de guerra, uma vez que o próprio nome da entidade ou “bora aligeirar”, em uma referência à visão aceleracionista de precipitar o desenvolvimento da tecnologia para resolver os desafios da humanidade.

O Brasil, segundo Santos, ainda dá os primeiros passos para adotar tecnologia no dia a dia. “Quando eu fundei a Semantix, em 2010, as pessoas mal sabiam o que era tirocínio de máquina”, afirmou. “A gente teve de evangelizar os clientes, evangelizar os investidores e mostrar que a gente gerava valor”, acrescentou.

“No ano que vem, queremos encher um estádio”, diz ele.

No lado solene, quem divulga o otimismo tecnológico é a Abria. Em uma audiência pública convocada pelo senador Astronauta Marcos Pontes (PL), o mentor da entidade Luis Fernando Prado criticou o texto por supostos excessos.

Os pontos problemáticos para a associação eram a urgência de uma avaliação preparatório dos riscos criados pelas ferramentas de IA, a obrigação de explicação de uma vez que os algoritmos funcionam e o trecho que diria saudação aos direitos autorais.

“Me parece muito duro e desproporcional que a empresa de IA possa ser punida e responsabilizada por erros que aconteçam na temporada de testes”, afirmou. A sessão reunia, além dele, outros grupos de pressão ligados a gigantes da tecnologia para falar dos benefícios da “autorregulação”.

Santos, da Semantix, diz que a associação conseguiu ajudar o Senado a melhorar muito o texto. “Mas precisamos progredir ainda mais na Câmara para manter o país competitivo”, afirma.

“O Brasil não pode perder o bonde porque é um mercado de trilhões de dólares até 2030”, acrescenta.

Para Ibrahim, não é uma questão só de negócios. “O país que não adotar uma economia de base tecnológica não vai escoltar a mudança estrutural dos empregos e permanecer sob o risco de viver um desemprego estrutural.”

Segundo ele, o choque tecnológico da perceptibilidade sintético já está acontecendo. “É uma disrupção nos alicerces da economia e da sociedade.”

Folha

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