Ex Diretora Do Google: Todos Devem Ter Voz Igual Sobre Ia

Ex-diretora do Google: todos devem ter voz igual sobre IA – 12/07/2024 – Tec

Tecnologia

Há diversos exemplos na história em que decisões sobre porquê conduzir uma tecnologia foram tomadas sem ouvir as pessoas afetadas por aquelas ferramentas, diz a pesquisadora Verity Harding, 39, autora do livro “AI Needs You” (a lucidez sintético precisa de você), lançado em março deste ano nos EUA.

Agora, em meio ao progresso da lucidez sintético, é preciso fazer dissemelhante, defende. “Uma big tech deve ser ouvida sobre um projeto de lei sobre IA na mesma medida que quem perde o ofício ou é meta de uma prisão injusta por um erro de sistemas de reconhecimento facial”, afirma à Folha.

Harding fala da perspectiva de quem já esteve em governos e em big techs. Entre 2009 e 2013, ela foi a principal conselheira de tecnologia do político britânico Nick Clegg, vice-primeiro-ministro do Reino Unificado entre 2010 e 2015 e hoje vice-presidente de políticas públicas da Meta, dona do Facebook. Ou por outra, Harding foi diretora de políticas públicas da Deepmind, o braço especializado em IAs avançadas do Google, entre 2016 e 2020.

A pesquisadora, que está no debate sobre porquê orientar o desenvolvimento de sistemas de lucidez sintético de forma segura desde os primórdios, afirma que expor que o ponto é muito técnico é uma tentativa de obstar a discussão e que isso espantará o público em universal.

“Não é necessário ser um profissional em IA para ter uma opinião informada sobre a tecnologia”, diz.

Harding, hoje, dirige um projeto sobre IA e geopolítica no Instituto Bennett para Políticas Públicas, vinculado à Universidade de Cambridge. Com a agenda lotada em meio ao progresso das discussões sobre a regulação da tecnologia pelo mundo, ela falou com a Folha por telefone durante uma corrida de táxi no pausa entre dois eventos promovidos em Londres.

Na terça-feira (9) em que o Senado adiou mais uma vez a votação da proposta de regulação de lucidez sintético (PL 2338/2023), a pesquisadora evitou comentar o texto brasílico, “por não saber de seus detalhes”.

No entanto, ela afirma que considera a legislação europeia, que inspira a brasileira, um bom exemplo. “Pode não ser o padrão exato para todos os países, mas, ao menos, é clara e compreensível sobre certos limites.”

“O Ato de IA da União Europeia divide a tecnologia em diferentes níveis de risco: se alguma coisa é de cimalha risco, há mais obrigações; se as coisas são de plebeu risco, há menos. E há também regras acertadas para incentivar a inovação e a pesquisa”, justifica.



“Precisamos admitir que alguns dos lados mais obscuros da humanidade, porquê ganância, malícia e sede de poder, vão inevitavelmente definir o desenvolvimento e o uso de sistemas de lucidez sintético e impor certos limites.”

Em vez de estar preocupada com um cenário de ruína da humanidade por supercomputadores, Harding identifica problemas reais da IA: reconhecimento facial que não funciona com pessoas de pele mais escura, programas de tradução que não atendem a idiomas do chamado Sul Global e o uso de produções artísticas protegidas por direitos autorais para desenvolver modelos de IA.

Harding diz que é uma prioridade prescrever quais grupos serão mais afetados pela lucidez sintético.

“Precisamos admitir que alguns dos lados mais obscuros da humanidade, porquê ganância, malícia e sede de poder, vão inevitavelmente definir o desenvolvimento e o uso de sistemas de lucidez sintético, porquê já ocorreu com outras tecnologias, e impor certos limites.”

O exemplo maior dos efeitos danosos da falta de regulação no livro de Harding é a própra internet.

Ela lembra que o ex-presidenciável americano Al Gore defendia que uma internet sem regulação garantiria entrada igualitário ao conhecimento a escolas e bibliotecas esquecidas pelo poder público.

Em vez disso, os principais programas educacionais pensados para internet ficaram no desabrigo, e ganhou espaço a versão mercantil da rede mantida por poucos negócios extremamente bem-sucedidos.

A logro com a utopia da internet tem, para a pesquisadora, reflexos negativos sobre as formulações sobre lucidez sintético. “Em um mundo mais intrigado, certamente essas dúvidas vão se infiltrar e influenciar a tecnologia, e, nesse caso, a IA.”

A sociedade deve evitar a premissa equivocada de que a tecnologia é neutra, na avaliação de Harding. “As pessoas precisam estar cientes disso e de porquê a política influencia a lucidez sintético e, portanto, sentirem-se capacitadas para mudar isso.”

Por outro lado, ela defende que é justo dar uma chance para os benefícios que vêm com a lucidez sintético, se houver propósito em seu gravura.

“Ao longo da história sempre garantimos que os humanos fossem capazes de aproveitar e usar a tecnologia para nosso favor”, diz Harding.

Para ela é necessário orientar o desenvolvimento de lucidez sintético para a solução de problemas concretos, porquê a crise climática. “É preciso dar foco a usos da tecnologia porquê a racionalização do gasto de vigor, que pode reduzir as emissões de carbono, por exemplo.”

“Precisamos pensar onde a IA pode nos concordar e isso ajudará as pessoas a confiarem mais na tecnologia”, emenda.



“Em um momento histórico pelo menos tão tenso quanto agora, os americanos e os soviéticos foram capazes de se reunir e expor que queriam proteger o espaço porquê um lugar de empreendimento científico e pacífico.”

A escritora elege porquê caso de sucesso na regulação de tecnologia a legislação britânica sobre fertilização in vitro elaborada no início dos anos 1980. “Foi uma discussão muito dura, durante o governo liderado por Margaret Thatcher, poucos anos depois a Inglaterra descriminalizar o monstro e a homossexualidade. Havia muita confusão.”

Coube à filósofa Mary Warnock fazer a mediação desse debate. “Ela reuniu profissionais e pesquisadores com diferentes expertises, ouviu quem era afetado pela tecnologia, para chegar a uma solução que podemos invocar de ‘muito bem-sucedida’”, avalia.

A elaboração da lei envolveu temas espinhosos porquê bojo de aluguel remunerada e doação e venda de sêmen e óvulos.

A história da fertilização in vitro na Inglaterra mostra, segundo Harding, que a regulação impôs limites e incentivou a inovação ao mesmo tempo: “Traçar certas linhas na areia ao limitar certos aspectos da tecnologia de forma inteligente pode, na verdade, impulsionar o desenvolvimento”.

Hoje, o mercado de inseminação sintético na Inglaterra movimenta anualmente US$ 70 bilhões (R$ 381 bilhões). O mesmo setor é, basicamente, inexistente nos Estados Unidos por interdição de movimentos conservadores, escreve Harding em seu livro.

“Todos os países podem ter a sua própria Mary Warnock, alguém que crie consensos”, diz Harding.

A escritora reconhece que há “elefantes vermelhos, brancos e azuis na sala” quando o ponto é controle efetivo sobre o desenvolvimento de lucidez sintético, em função da disputa tecnológica entre Estados Unidos e China.

Porém, há precedentes em plena Guerra Fria de porquê é provável compreender cooperação global em prol da ciência, de harmonia com a autora: o “Tratado sobre os Princípios que Regem as Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Exterior, incluindo a Lua e Outros Corpos Celestiais”, que determinou o espaço sideral porquê um lugar-comum de toda a humanidade e evitou povoar a trajectória terrestre com satélites artificiais armados com ogivas nucleares.

“A corrida espacial mostra que, mesmo quando há grandes tensões geopolíticas entre as nações, sempre há alguma coisa para os governantes cederem ou escolherem colaborar”, diz a escritora. “Em um momento histórico pelo menos tão tenso quanto agora, os americanos, os soviéticos e muitos outros países ainda foram capazes de se reunir e expor que queriam proteger o espaço porquê um lugar de empreendimento científico e pacífico, em vez de alguma coisa militarizado.”

Folha

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