A Sarau Literária Internacional de Paraty homenageia o historiógrafo João do Rio na edição de 2024, que acontece de quarta (9) a domingo (13), e convida autores e leitores a observar com ele a psique encantadora das ruas.
A programação principal acontece no Auditório da Matriz, no entorno da terreiro, e pode ser vista na tenda principal por R$ 130 –à exceção das gratuidades e políticas de meia-entrada.
Também é provável escoltar as mesas gratuitamente pelo telão localizado fora do palco. O evento tem curadoria da livreira e editora Ana Lima Cecilio.
Durante a Flip, também são atrações as casas parceiras espalhadas pela cidade —neste ano, a Vivenda Folha, que volta a ter uma programação ocasião e gratuita na rua do Negócio, número 8, trará convidados porquê Mohamed Mbougar Sarr, Ruy Castro, Tati Bernardi e o cacique Raoni.
Veja a seguir detalhes da programação principal do evento e conheça mais sobre os autores convidados a partir de reportagens e críticas feitas pela Folha.
QUARTA-FEIRA, 9
19h30 – Mesa 1 – As Ruas Têm Espírito – João do Rio, o Convidado do Sereno
O professor carioca Luiz Antônio Simas, vencedor do prêmio Jabuti em 2016, dá uma lição sobre o homenageado João do Rio e seu legado, que permite entender a incongruência em que se fundou o urbanismo e a sociedade cariocas no século pretérito.
O trabalho de Simas conversa com o escritor-flâneur morto em 1921. Em 2015 o professor organizou, ao lado de Marcelo Moutinho, o livro “O Meu Lugar”, uma reunião de crônicas de 34 autores sobre os bairros do Rio de Janeiro. Seu livro “O Corpo Seduzido das Ruas” é uma dialoga com a “Espírito Encantada” de João do Rio.
QUINTA-FEIRA, 10
10h – Mesa 2 – A Cidade Contra Nós
Bruna Mitrano e José Falero, dois escritores da periferia –ela do Rio de Janeiro e ele de Porto Prazenteiro–, se reúnem para observar as cidades e seus muros do ponto de vista de quem está longe do meio.
Mitrano escreve sobre as violações de um país desigual em “Ninguém Quis Ver”, livro resenhado por Reynaldo Damazio. E Falero é responsável de “Os Supridores”, livro em que narra a história de funcionários de um supermercado que se revoltam com a falta de mobilidade social alternando entre texto formal e informal, porquê observado pela repórter Paula Sperb.
O encontro entre os dois nomes em subida na literatura contemporânea é mediado pela poeta, tradutora e jornalista Stephanie Borges.
12h – Mesa 3 – Da Poeira que Viemos
As romancistas Léonora Miano e Eliana Alves Cruz discutem as violências da diáspora negra através da geração literária. Adriana Ferreira Silva é a mediadora do encontro.
Miano é camaronesa e seus mais de 20 livros publicados a tornaram poderoso voz da literatura francófona. Três de seus livros chegam ao mesmo tempo ao Brasil, “Stardust”, que sai pela Autêntica Contemporânea, e “Vermelha Imperatriz” e “A Outra Língua das Mulheres”, lançamentos da Pallas Editora.
Cruz é carioca e despontou com romances que retratavam o período da escravidão a partir de um olhar afrocêntrico. Mas seu romance mais recente é ambientado nos dias atuais, “Solitária”, a história de uma mãe que mora com a filha no quarto dos fundos da cobertura onde trabalha. Em entrevista à Folha, Cruz afirmou que o livro fala sobre as mesmas questões que suas obras de era, colonialismo e mentalidade escravocrata, mas com novidade trajes.
15h – Mesa 4 – A Vida Secreta das Emoções
Ilaria Gaspari e Marcela Dantés se reúnem para discutir emoções e psicologia porquê ferramentas da construção de narrativas.
A escritora italiana traz para a conversa sua formação em filosofia enquanto a mineira Dantés introduz sua experiência no estudo da psicanálise moderna. O livro mais recente de Dantés, “Vento Vazio”, foi lançado pela Companhia das Letras. Já Gaspari traz seu novo livro ao Brasil pela editora Âyiné —o romance “A Reputação” será lançado na Flip.
A mediadora Natalia Timerman é psiquiatra e escritora.
17h – Mesa 5 – Inventar na América Latina
Os autores de “Onde Pastam os Minotauros” e “O Diabo das Províncias” se encontram para refletir sobre a abrangência da emergência climática.
O romance “Onde Pastam os Minotauros”, do mato-grossense Joca Reiners Terron, transporta o mito heleno para o universo também brutal de um abatedouro no interno do Brasil. Pela visão dos bois encontramos reflexões que vão do político ao metafísico, segundo a sátira de Ligia Gonçalves Diniz.
“O Diabo das Províncias” é o primeiro livro do colombiano Juan Cárdenas a chegar ao Brasil. A obra discute a impunidade e o ar conspiratório dos poderosos na América Latina, porquê o responsável contou em entrevista a Walter Porto, e opera porquê um biombo de vislumbres de retratos fraturados.
A autora de “Escrita em Movimento: Sete Princípios do Fazer Literário”, Noemi Jaffe, é a responsável por mediar o encontro.
19h – Mesa 6 – Dormindo com o Inimigo
O encontro dos autores de não ficção Mark Coeckelbergh e Danny Caine traz atenção à rede silenciosa que comanda o mundo hoje —formada pela perceptibilidade sintético, as big techs e o universo dos dados.
O belga Coeckelbergh é responsável de mais de 15 livros e artigos no campo da filosofia e da moral na tecnologia, e cá é publicado pela Ubu. E o americano Caine escreveu “Uma vez que Resistir à Amazon e Por Quê”, da editora Elefante, em resguardo de pequenas livrarias porquê a dele.
A mediadora Fabiana Moraes é jornalista com doutorado em sociologia.
21h – Mesa 7 – Profecias do Pretérito
O americano Robert Jones Junior e o brasílio Evandro Cruz Silva se encontram no centenário de James Baldwin para conversar sobre a legado da violência.
Jones é técnico em Baldwin e herda a narrativa da estigmatização do racismo e da dissidência sexual de seu “paraninfo místico”, porquê se referiu a ele em entrevista à Folha.
Cruz Silva, ensaísta e ficcionista em subida, pesquisa relações entre segurança, violência e desigualdades no Brasil urbano.
Juliana Borges, mediadora do encontro, é escritora e pesquisadora de temas porquê racismo e segurança pública.
SEXTA-FEIRA, 11
Mesa 8 – 10h – A Silêncio e o Gesto
Criadoras autônomas, Lisa Ginzburg e Ana Margarida de Roble defendem a narrativa da mulher sobre ela mesma sem a obrigação de tratar temas porquê maternidade e relações amorosas. A jornalista Adriana Ferreira Silva é novamente a mediadora da conversa.
A italiana foi finalista do Strega em 2021 com “Rosto Silêncio”, romance que retrata os laços afetivos intensos que unem duas irmãs abandonadas pela mãe, uma mulher de um mundo conservador. Seu próximo lançamento, “Uma Pluma Escondida”, sai pela editora Nós neste mês.
A portuguesa Ana Margarida de Roble venceu o prêmio Literário Manuel de Boaventura com “Não se Pode Morar nos Olhos de um Gato”, que narra a história de oito sobreviventes do naufrágio de um navio negreiro no século 19. Seu livro mais recente a chegar ao Brasil foi “O Gesto que Fazemos Para Proteger a Cabeça”, publicado pela Dublinense.
Mesa 9 – 12h – Uma vez que Enfrentar o Ódio
O encontro leva o nome do livro do influenciador Felipe Neto, que se reúne com a repórter peculiar da Folha Patrícia Campos Mello e com a mediadora Fabiana Moraes para discutir o envolvente deflagrado na política e nas redes sociais.
O livro de Felipe Neto trata dos ataques que sofreu nas redes sociais quando ele se colocou no debate público e de um ódio que nunca antes havia sentido no cenário político, porquê contou em entrevista ao repórter Maurício Meireles.
Campos Mello também foi vítima de ataques nas mídias sociais em seguida uma reportagem em que denunciava estratégias de desinformação orquestradas por apoiadores de Bolsonaro nas redes. Ela conta em seu livro “A Máquina do Ódio”, da Companhia das Letras, porquê passou a ser vítima de ataques do tropa virtual bolsonarista durante as eleições de 2018.
Mesa 10 – 15h – Saber o Pretérito, Mirar o Porvir
Mais importante liderança indígena do país, o cacique Raoni se reúne com a jovem ativista Txai Suruí para publicar o pensamento dos povos originários.
Raoni Metuktire é cacique dos caiapós e já foi cotado para receber o Nobel da Silêncio. Ele lança um livro de memórias pela Companhia das Letras no próximo ano. Suruí é colunista da Folha e fez história ao discursar no evento de sinceridade da COP26.
O jornalista Guilherme Freitas medeia a conversa.
Mesa 11 – 17h – Descobrimento ao Contrário
Micheliny Verunschk e Odorico Leal olham para a literatura porquê nascente histórica que viabiliza a reflexão sobre a formação do Brasil porquê o conhecemos hoje. Rita Palmeira, livreira e sátira literária, é a mediadora do encontro.
Verunschk venceu o prêmio Jabuti em 2022 pelo romance “O Som do Rugido da Onça”. Já Leal fez sua estreia na ficção nascente ano com “Nostalgias Canibais”, obra de estilo próprio, chamada de “viveiro ficcional” pela sátira Stefania Chiarelli.
Mesa 12 – 19h – Não Existe Mais Lá
O palestino Atef Abu Saif estava em Gaza quando Israel começou os bombardeios e, porquê contou em entrevista Clara Balbi, começou a relatar o que vivia por um princípio interesseiro, pois queria ser lembrado depois que morresse. Seus diários agora saem em livro pela editora Elefante.
A gaúcha Julia Dantas vive em Porto Prazenteiro, viu sua vivenda ser tomada pela enchente que atingiu toda a cidade e praticou a escrita porquê método de sobrevivência.
Os dois escritores, sobreviventes de realidades brutais, se encontram para discutir o poder destrutivo da humanidade, assim porquê sua capacidade de resiliência.
A advogada Bianca Tavolari, técnico em urbanismo, é responsável pela mediação da mesa.
Mesa 13 – 21h – Zé Kleber: Rádio Novelo Apresenta ao vivo
O Rádio Novelo Apresenta é um podcast apresentado semanalmente por Branca Vianna. Lançado em novembro de 2022, o programa é porquê uma revista sonora com reportagens narradas toda quinta-feira.
Para a Flip, a produtora criou um programa inspirado em João do Rio com diversas histórias sobre as ruas, desde as sarjetas até as placas.
SÁBADO, 12
Mesa 14 – 10h – O Paixão Político
As intelectuais Brigitte Vasallo e Geni Núñez se reúnem para questionar a sociedade baseada na monogamia. A mediação é da livreira Nanni Rios.
Vasallo é espanhola e se dedica a investigar a alteridade. Ela enxerga a monogamia porquê um sistema capaz de estruturar as relações de forma similar ao capitalismo. Núñez é brasileira e indígena e escreveu sobre a não monogamia em “Descolonizando Afetos”. Em entrevista a Suzana Petropouleas, disse que buscava mostrar que existem outros mundos possíveis.
Mesa 15 – 12h – A Eterna Guerra dos Sexos
Branca Vianna é a mediadora do encontro entre a mexicana Jazmina Barrera e a carioca Ligia Gonçalves Diniz. As duas ensaístas propõem uma reinvenção do gênero no mundo, buscando reconstruir os lugares em que homens e mulheres foram acomodados.
Barrera, autora de “Linea Nigra” e do novo “Caderno de Faróis”, pela Moinhos, venceu o prêmio Latin American Voices em 2013 com o livro de ensaios “Cuerpo Extraño”.
Diniz escreveu “O Varão Não Existe: Masculinidade, Libido e Ficção” em resguardo, por exemplo, da fetichização de corpos masculinos porquê estratégia contra a preeminência de homens brancos na literatura.
Mesa 16 – 15h – Sagradas e Profanas
Gabriela Cabezón Cámara e Arelis Uribe são autoras de gerações diferentes que se encontram na Flip, através da mediação de Stephanie Borges, e na renovação da literatura latino-americana.
“Nossa Senhora do Barraco”, de Cámara, foi escolhido porquê o livro do ano pela Rolling Stone Argentina em 2023. Ela também é autora de “As Aventuras da China Iron”, finalista do Booker Internacional ao reimaginar a narrativa do clássico prateado “Martín Fierro” com protagonismo feminino.
“As Vira-Latas”, da jovem chilena Uribe, foi premiado porquê melhor livro de contos pelo Ministério da Cultura de seu país. Sai agora no Brasil pela Loja do Tempo.
Mesa 17 – 17h – A Memória dos Homens
Mohamed Mbougar Sarr e Jeferson Tenório são dois escritores que tratam da masculinidade.
O primeiro, responsável de “A Mais Recôndita Memória dos Homens” o faz pelo resgate da ancestralidade. Em entrevista à Folha, o premiado Sarr afirmou que não esquece dos seus autores compatriotas que não tem o mesmo reconhecimento.
O segundo responsável, que escreveu “O Avesso da Pele”, aborda o tema porquê “uma revolução silenciosa”, termo que usou em entrevista à Walter Porto. Rita Palmeira medeia o encontro.
Mesa 18 – 19h30 – Anatomia do Porvir
Paulo Roberto Pires é o mediador da mesa que traz o responsável gálico Édouard Louis, o único responsável a ocupar uma mesa sozinho nesta edição da Flip.
Louis escreve sobre suas vivências porquê um jovem gay nascido na pobreza. Seu projeto literário se dedica a questões fundamentalmente políticas de um mundo desigual, preconceituoso e conformista.
Em entrevista à Folha, o plumitivo afirma que quis usar sua literatura e novidade vida porquê vingança contra sua puerícia.
Mesa extra – 21h30 – Parar o Incêndio
A ativista Txai Suruí retorna à terreiro da Matriz para encontrar outra voz da floresta, o plumitivo Pablo Casella. Ele é responsável de “Contra Incêndio”, um romance sobre brigadistas voluntários que atuam na Bahia.
A mesa com mediação da jornalista Giovana Girardi foi incluída na programação pela urgência do tema diante das queimadas que têm assolado o país ao longo dos últimos meses.
DOMINGO, 13
Mesa 19 – 10h – Invenção e Linguagem: o Romance Segue
As escritoras brasileiras Carla Madeira, Silvana Tavano e Mariana Salomão Carrara se reúnem com a mediadora Adriana Couto em prol da arte da literatura.
As autoras de “Véspera”, “Ressuscitar Mamutes” e “Não Fossem as Sílabas do Sábado” participam do encontro para relembrar porquê personagens e enredos muito construídos nos moldam e ajudam a viver.
Madeira foi a autora de ficção mais vendida no Brasil em 2023 e contou à Folha que já prepara seu próximo romance.
Carrara venceu o Prêmio São Paulo de Literatura no ano pretérito e tem a morte porquê um tema recorrente de seus escritos, porque não consegue tirá-la da cabeça, porquê afirmou à jornalista Carolina Azevedo.