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“Eu não poderia retornar para o lugar de onde vim, tampouco sentia que podia me sentir muito de verdade no lugar aonde cheguei.”
E é no limbo entre o que foi e o que sonhou ser que hoje vive Tati Bernardi, autora do novo “A Boba da Galanteio”. O lançamento da historiógrafo de 45 anos é sobre a angústia de finalmente chegar ao lugar a que aspirou e perceber que ali não tem zero.
Saída do largo do Maranhão, no Tatuapé, Tati teve um choque ao perceber que a escol intelectual brasileira na qual se inseriu “não tem zero de muito interessante”.
Em sua trajetória, ela aprendeu os códigos subterrâneos pelos quais as elites se reconhecem –que vão desde sotaques similares até uma suposta ensino– e sentiu que precisava redigir sobre isso.
Colunista semanal da Folha há 12 anos, Tati é perito em falar sobre si mesma sem pudor, mas atinge seu vértice em “A Boba da Galanteio”. Para o editor Walter Porto, “nunca houve tamanha oportunidade de enxergar as vísceras de Tati Bernardi porquê neste seu novo livro.”
Acabou de Chegar
“Nebulosas” (Editora 34, R$ 69, 304 págs., R$ 49, ebook) reúne poesias de Narcisa Amália, autora rara incluída na lista da Fuvest neste ano. Os poemas desse livro resgatado por Maria de Lourdes Eleutério fazem da névoa metáfora para o contexto de apertura e incertezas políticas do século 19. Para a sátira Carolina Anglada, as nuvens de Narcisa são ambíguas: podem fascinar e engolir, persuadir ou fazer o sentido escoar.
“Freshwater” (trad. Victor Santiago, Nós, R$ 79, 200 págs.) é a única peça da britânica Virginia Woolf. O texto é guiado por um grupo de artistas: a senhora Cameron, o pintor narcisista Watts e o poeta obstinado Alfred Tennyson. “É pelas conversas estapafúrdias das personagens que Woolf zomba das pretensões artísticas de seus antecessores”, escreve a sátira Ana Luisa Lellis.
“Quotidiano do Término do Paixão” (Fósforo, R$ 79,90, 216 págs.) intercala trechos do quotidiano da autora Ingrid Fagundez sobre um paixão encerrado com reflexões sobre esse gênero literário. O quotidiano é um gênero de não ficção pautado por impressões e sentimentos. No livro, a autora não usa datas precisas, mas se guia pela duração de um paixão. “Fez mais sentido porque o livro não se debruça sobre eventos externos, mas sobre o que acontece dentro da narradora”, conta.
E mais
Paulo Leminski, o poeta pop, será o homenageado da Flip 2025. O curitibano, segundo o repórter peculiar Maurício Meireles, encarna a tensão entre o popular e o cabeça, a mesma em que a Flip se equilibra. A homenagem a Leminski dará o tom ao evento que acontece do dia 30 de julho a 3 de agosto.
Em comemoração ao centenário do jornalista pernambucano Osman Lins, três de seus livros receberam cuidadosas reedições. “Os Gestos”, “Guerra sem Testemunhas” e “Avalovara” refletem sobre o ofício de redigir mesmo nos anos mais duros da ditadura militar. Para o professor Wander Melo Miranda, Lins navega entre a liberdade da imaginação e o rigor construtivo porquê Jorge Luis Borges e Julio Cortázar.
Há dez anos, o mercado literário foi tomado pelos livros de matizar. Agora, em 2025, o gênero volta com força através da série Bobbie Goods. Com desenhos de ursinhos, os livros americanos apostam na geração de um universo fofo. Entre os personagens da série de matizar estão a cachorrinha Momo, que conhece os melhores locais para tirar uma soneca e Pierre, o urso de poucas palavras, conta a repórter Natália Santos.
Além dos Livros
A sátira literária Heloisa Teixeira, uma das maiores expoentes do feminismo no Brasil, morreu na última sexta (28) aos 85 anos. Heloisa trocou seu sobrenome de Buarque de Hollanda para Teixeira prestes a tomar posse na Ateneu Brasileira de Letras. O gesto, porquê explica Luisa Destri, teve força simbólica, já que tirou de cena o nome do ex-marido e fez surgir o da mãe, figura menos lembrada nas narrativas que refazem o trajectória intelectual da filha.
Na mesma semana, a ABL se despediu de outro de seus membros, o jornalista e legisperito Marcos Vilaça, que também tinha 85 anos. O intelectual pernambucano venceu o prêmio Joaquim Nabuco da Ateneu Pernambucana de Letras em 1961 com “Em Torno da Sociologia do Caminhão”. Vilaça foi também ministro e presidente do Tribunal de Contas da União, indicado por um de seus colegas de Ateneu, o ex-presidente José Sarney.
A Livraria Simples está organizando a Feira do Livro da Rocha, uma iniciativa que levará programação cultural diversa e bancas de livros para o bairro do Bixiga. O Quadro das Letras conta que a feira tomará a rua Rocha no termo de semana de 3 e 4 de maio, com convidados porquê Sérgio Vaz, Bel Santos Mayer e Miguel Nicolelis.
A poste traz também novidades sobre a editora Planeta, que prepara o lançamento de seu próprio selo infantil, o Tatu Globo. Com previsão de iniciar as edições em maio, o novo selo tem em sua fileira de publicações obras infantojuvenis de Reese Witherspoon, Christian Dunker, Ana Suy e Geni Núñez.