Henrique Coser Moreira: Quem é O Premiado Ilustrador? 20/04/2024

Henrique Coser Moreira: Quem é o premiado ilustrador? – 20/04/2024 – Era Outra Vez

Celebridades Cultura

Já passava um pouco das seis da tarde em Bancoc quando o celular do ilustrador brasílico Henrique Coser Moreira começou a apitar. Vivendo há três meses na Tailândia, o curitibano de 25 anos recebia mensagens porque tinha terminado de lucrar o principal prêmio de ilustração da Feira do Livro Infantil de Bolonha, na Itália, o mais importante evento internacional de literatura para crianças e jovens.

Ele foi o vencedor do International Award for Illustration Bologna Children’s Book Fair – Fundación SM, tal qual pregão foi feito na semana passada, no dia 10. O troféu premia ilustradores de até 35 anos com 15 milénio euros, ou quase R$ 85 milénio. Outrossim, o responsável tem também um livro inédito publicado pela editora espanhola Instauração SM e uma exposição individual oportunidade na Feira de Bolonha do ano seguinte.

“Vencer esses concursos me deu muita robustez e fez com que eu percebesse que as pessoas gostavam das minhas histórias”, contou o ilustrador no dia seguinte ao pregão, em entrevista feita por chamada de vídeo. “Durante a faculdade, eu não tinha tanta perspectiva, parecia fora do horizonte trabalhar com ilustração e livro ilustrado.”

Sim, foram vários os concursos vencidos, assim mesmo, no plural. Com trabalhos cheios de cores demarcadas, quadrados usados porquê molduras e uma estética que flutua entre o olhar infantil e a piscadela ao hipster contemporâneo, Moreira vem se consolidando porquê um dos jovens ilustradores mais premiados do Brasil nos últimos anos.

As últimas medalhas foram para “Tatu do Azul”, que tem texto de Elias Nasser e acabou de trespassar do forno pelas Edições Barbatana, com lançamento solene marcado para daqui a duas semanas, no dia 4 de maio, na livraria Miúda, em São Paulo.

As artes da obra foram selecionadas para a Mostra de Ilustradores da Feira do Livro Infantil de Bolonha, uma das principais exposições do gênero no mundo —neste ano, 3.520 nomes de 81 países competiram para ter seus trabalhos pendurados por lá. Entre os 78 contemplados, estavam os brasileiros Bruno de Almeida, Irena Freitas, Fernando Vilela e Guilherme Karsten, além de Moreira.

O International Award, vencido pelo curitibano, é entregue justamente para um dos artistas que compõem essa mostra. Fora isso, as artes de “Tatu do Azul” também foram selecionadas pelo prêmio brasílico Filex, organizado pelo Filexpandido, o Festival de Ilustração e Literatura Expandido.

“O ‘Tatu’ foi uma experiência muito dissemelhante, porque foi a primeira vez que fiz uma parceria com outro responsável”, conta. “Tivemos um trabalho grande, principalmente na hora de apropriar o texto, porque quis colocar muitas ilustrações e sempre ter uma página de imagem.”

“Tatu do Azul” apresenta a história de um tatu-bola de jardim que se acha uma lagarta. A crise de identidade, acentuada no momento em que as amigas se preparam para virar mariposa, empurra o tatuzinho até o divã de uma formiga que se recusa a ser rainha. Com trabalho de linguagem perfeito e pleno de brincadeiras com as palavras, o texto de Nasser recebeu menção honrosa no prêmio Nascente, da USP, a Universidade de São Paulo.

Mas, por enquanto, essa é a única obra de Moreira disponível no Brasil.

Seus outros dois títulos foram editados pela portuguesa Planeta Tangerina e ainda não atravessaram o oceano. “O Primeiro Dia”, sua estreia literária, ganhou o concurso Serpa, prêmio internacional para álbuns ilustrados promovido pela editora lusitana e pela cidade de Serpa, no sul de Portugal.

Lançado em 2022, também venceu o sul-coreano Nami Concours, teve as ilustrações selecionadas para a mostra da Feira de Bolonha do ano pretérito e recebeu menção privativo no BolognaRagazzi Awards, realce entregue pelo evento italiano para os melhores livros infantojuvenis do mundo.

“Essa história surgiu na faculdade, numa disciplina sobre livros ilustrados. Estávamos na pandemia, em morada, tendo aulas online, portanto criei uma narrativa visual que imaginava o primeiro dia de uma garoto depois do término daquilo tudo”, afirma. “Mas, na hora de editar pela Planeta Tangerina, acabamos tirando as referências ao isolamento da Covid, para que pudesse ser mais atemporal e trazer outras interpretações.”

O curitibano formado em design gráfico acaba de publicar “O Sr. Gato Mágico” pelo mesmo selo. Também sem palavras, a narrativa acompanha a personagem do título enquanto sai de morada e explora o mundo com seus poderes fantásticos. Assim porquê “O Primeiro Dia”, o título tampouco está disponível no Brasil.

“Quando crio uma história, não penso se ela é para crianças ou adultos. Faço o que gostaria de ler. Logo acho que acabo atingindo um pouco dos dois públicos, né?”, diz. “Dentro de nós, sempre existe uma garoto e um adulto.”

Com essa proposta estética e narrativa, Moreira finaliza agora o seu quarto livro, o terceiro autoral. “Ainda não mostrei para ninguém, é sigilo. Mas está no término, preciso terminar antes de ir embora da Tailândia.”

“Escolhi a Ásia com uma teoria de nomadismo do dedo mesmo, porque o dispêndio de vida cá é menor. Não sei quanto tempo isso vai persistir, porque já sinto saudades da família, do Brasil, da comida”, elenca. “Mas a Tailândia é muito inspiradora. Você sai de morada, vira a esquina e encontra personagens, imagens, letras, cores completamente diferentes.”

Na quarta-feira, dia 24, chegam ao término os 90 dias que Moreira pode permanecer no país. O próximo orientação será o Vietnã. Depois, ele ainda não sabe. A única certeza é que seu novo livro estará dentro da mochila.


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Folha

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