James Baldwin, 100, Entrelaçou Literaturas Queer E Negra 28/07/2024

James Baldwin, 100, entrelaçou literaturas queer e negra – 28/07/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O segundo romance de James Baldwin, “O Quarto de Giovanni”, foi recebido com surpresa pela sua editora, a americana Knopf, muito porquê as outras que ele teve que procurar depois do primeiro não. Em 1955, quando ele terminou o livro, aquela história europeia sobre um paixão entre dois homens brancos, um americano e um italiano, passava longe do que era esperado do redactor.

Dois anos antes ele havia publicado “Go Tell It on the Mountain”, trabalho de uma dez que retrata os dilemas de um jovem preto de 14 anos em conflito com seu horizonte porquê pastor —uma primeira invasão literária enxurro de referências à puerícia do responsável que cresceu no Harlem dos anos 1930, em um cenário doméstico parecido com o do protagonista.

Depois, no mesmo ano em que começou a tentar emplacar seu segundo livro, Baldwin publicou “Notas de um Fruto Nativo”, coletânea de ensaios sobre sua experiência porquê varão preto e gay nos Estados Unidos e na França. Incomodou que, subitamente, ele resolvesse ortografar sobre brancos numa Europa que, apesar de habitada pelo próprio Baldwin, era sempre tão branca na mente americana.

Em seu terceiro romance, “Terreno Estranha”, sobre um grupo de amigos do Harlem, o redactor enfim trama numa única rede todas as suas preocupações ao passar falar de sexualidade, relacionamentos inter-raciais, política, racismo e arte, num retrato dos Estados Unidos do prelúdios dos anos 1970.

Pensar no lado queer da obra de James Baldwin é entender que, muitos anos antes de esta ser uma taxa geral, o redactor e ensaísta desenvolveu o que hoje é chamado de interseccionalidade —a forma porquê as diferentes características que formam a personalidade de uma pessoa se sobrepõem, tornando dicotomias porquê branco-negro, hétero-queer e homem-mulher insuficientes.

Para o professor Fernando Luis de Morais, da Universidade Estadual do Meio Oeste do Paraná, o trabalho de Baldwin ajudou a moldar uma compreensão mais complexa e inclusiva das identidades sexuais e de gênero.

“Baldwin não unicamente abordou a sexualidade com uma sinceridade que estava adiante de seu tempo, mas também forneceu uma narrativa rica sobre a experiência queer que dialogava com temas de marginalização e resistência”, diz.

Na visão do professor, a autenticidade do responsável era “sem precedentes” e estabeleceu “base duradoura para a literatura queer contemporânea”.

William Spurlin, professor de literatura da Universidade de Brunel, na Inglaterra, que pesquisa e escreve há anos sobre o redactor, pensa parecido.

“Ele se recusa a limitar a identidade ou as políticas identitárias ao pertencimento a um único grupo. Suas obras examinam a identidade a partir de múltiplas perspectivas, pois, para ele, as diferenças são formadas em relação a outras diferenças, de modo que não se pode falar sobre raça, por exemplo, sem falar sobre gênero, sexualidade, classe, nacionalidade, religião et cetera.”

O professor afirma que essa resguardo e seus posicionamentos explícitos sobre a taxa queer minaram sua tentativa de se colocar porquê uma liderança na luta pelos direitos civis. Baldwin foi criticado pelo movimento patriótico preto por ter uma sexualidade que era vista porquê segmento da doença e a decadência do varão branco.

O interesse por sua obra reaquece, no entanto, no final dos anos 1980, posteriormente sua morte.

Ao viajar para o Brasil, a obra de Baldwin também encontrou barreiras. A primeira edição de “O Quarto de Giovanni” publicada cá, em 1967, pela Cultura Brasileira, trazia em sua ouvido um texto de Paulo Francis que ignorava o homoerotismo do livro e se atinha a seus elementos estéticos.

O jornalista seria responsável por publicar, cinco anos depois, uma entrevista de três páginas no Pasquim onde menospreza os escritos do responsável, muito porquê suas lutas por direitos civis.

Já o redactor João Silvério Trevisan, hoje com 80 anos, foi pego de outro jeito pela obra de Baldwin. Crítico ao desprezo da esquerda mais ortodoxa pelo que costumavam ser chamadas de lutas menores, o também redactor e ensaísta conheceu “Terreno Estranha” no final dos anos 1960, por volta dos seus 25 anos, pouco depois de “transpor do armário”, e se enxergou no retrato do exílio de quem é estrangeiro na própria pátria por não pertencer ao mundo heteronormativo.

“Existia essa teoria mágica de que o socialismo seria uma varinha mágica que mudaria tudo, inclusive a cabeça das pessoas. Nós achávamos isso uma balela, porque conhecíamos elementos da esquerda deveriam ser nossos parceiros e que não aceitavam homossexualidade. A obra de Baldwin contemplava uma peleja que nós estávamos fazendo dentro da esquerda em relação a autonomia dessas lutas, que se complementam.”

Folha

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