Jotabê Medeiros Escreve Romance Musical Dos Anos 1980 08/12/2024

Jotabê Medeiros escreve romance musical dos anos 1980 – 08/12/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Nos últimos anos, o jornalista e plumitivo Jotabê Medeiros tem orientado sua curso para as biografias. Relatos sobre Belchior, Raul Seixas e Roberto Carlos estabeleceram seu nome uma vez que uma referência no gênero.

Agora, quando está prestes a entregar uma biografia sobre Luiz Gonzaga, na qual trabalha há mais de três anos, surge nas livrarias “A Culpa é do Lou Reed”. Uma obra de ficção, a primeira do responsável, mas sem conseguir largar o hábito de recontar a história real.

O personagem mediano, A. Copland, é um crítico de música vivendo em São Paulo. O ano é 1988, e nessa era Jotabê Medeiros também era um repórter de cultura morando na capital.

As semelhanças não param aí. A grande fauna de personagens ao volta de Copland era muito parecida com aquela que cercava o responsável no cotidiano. Além de algumas figuras inventadas, algumas pessoas estão no livro com seus nomes reais. Outras, são, digamos, levemente modificadas.

“Era uma pequena escol de jornalistas. Hoje, a gente tem um leque maior de influencers, que falam para milhões. Naquela era era uma escol muito concentrada. Um pequeno núcleo de intelectuais que dava o tom das conversas, até do comportamento”, afirma Medeiros.

Ele conta que resolveu redigir o livro a partir de um debate no auditório da Folha nos anos 1980, entre grupos do rock paulistano e os críticos do jornal, que viviam em animosidade.

“Estavam lá bandas uma vez que Voluntários da Pátria, Zero, RPM, Mercenárias, Inocentes… Um historiador do porvir não vai entender uma vez que esse debate foi tão importante, porque tinham unicamente 150 pessoas ali. Eu morava em Londrina na era. Em cada cidade com pretensões de ser cosmopolita, uma meia dúzia de gatos pingados ficava repercutindo o que acontecia em São Paulo. E eu me dei conta que isso se perdeu. Não tem ainda uma revisão disso, do ponto de vista da literatura disponível. O Cadão Volpato está fazendo um pouco isso.”

A ação do livro se passa em torno de um marco importante: o show da Anistia Internacional, no velho estádio do Palmeiras, no dia 12 de outubro de 1988. Bruce Springsteen, Sting e Peter Gabriel se apresentaram pela primeira vez na cidade. Copland perambula pelo meio paulistano o dia inteiro, encontrando tipos curiosos, e vai ao show com Simone, groupie louca para pegar Springsteen e uma “quase” namorada do crítico.

O meio de São Paulo é praticamente personagem do livro, exibindo uma efervescência muito distante do desarrimo de hoje. “O Meio parecia acoitar todo mundo. Esse ano que eu escolhi para o livro é muito simbólico, porque a cena do hip hop começa a ser construída. A música eletrônica encontrava seus primeiros lugares para ser tocada.”

O plumitivo poderia certamente rever esse cenário em não-ficção, mas optou pela proeza romanceada. “Eu tenho sido biógrafo a maioria do tempo. Raul, Belchior… Eu poderia falar dessa cena de forma documental, mas falar disso num romance é mais o espírito daquela geração. Havia o apego por uma literatura pop, que existia e foi desaparecendo.”

Em várias passagens, os personagens discutem o papel da sátira músico. O responsável vê muitas mudanças de lá para cá. “A maioria do pessoal daquela era continua fazendo suas reflexões sobre música, mas não há uma vez que publicar de um modo visível.” Para ele, os críticos veteranos estão fazendo um tirocínio em tempo real para tentar se inserir na cena do dedo.

“Os textos dos jornalistas de hoje me passam uma falta de vivência de quem escreve. Tudo o que eu leio está encharcado dessa falta de vivência. Um moleque pode saber mais do que um veterano sobre Secos & Molhados, ele pode ter mais informação, mas não viu a filarmónica ao vivo, não sentiu o promanação de uma psicodelia cabocla muito na sua frente.”

O responsável consegue encaixar na narrativa figuras midiáticas da era, uma vez que o caçador de celebridades Beijoqueiro, o bandido Escadinha, que fugiu da ergástulo de helicóptero, e até Max Headroom, personagem cibernético criado para a TV, praticamente uma pré-história da IA. “Max Headroom trazia essa discussão de que as invenções eletrônicas iriam tomar conta de tudo. E hoje a gente vive a mesma coisa.”

Folha

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