Mãe Solo Faz Quadrinhos Sobre Dia A Dia Na Finlândia

Mãe solo faz quadrinhos sobre dia a dia na Finlândia – 06/04/2024 – Equilíbrio

Celebridades Cultura

Nem no país assinalado pela sétima vez uma vez que o mais feliz do mundo os perrengues da maternidade dão trégua, e menos ainda os da maternidade solo. Nos quadrinhos do livro “Single Mothering” (um tanto uma vez que “solomaternando” ou “mãessolteirando”, em português), que é lançado em inglês pela editora britânica Nobrow, a finlandesa Anna Härmälä, 42, narra a gincana de uma mãe que se vê sozinha com um bebê.

“A Finlândia foi novamente declarada o país mais feliz do mundo. Sempre questionamos isso… Mas, se for mais uma vez que um sentimento universal de estar satisfeito e ter o que é necessário, talvez seja verdade. O estado garante que haja um padrão de vida mínimo para famílias monoparentais. A saúde e a creche também são gratuitas ou de dispêndio muito ordinário. Há uma rede de segurança econômica”, afirma ela por email. “Tenho noção dos meus privilégios nórdicos.”

Mesmo com essas condições asseguradas num país em que 22% das mães criam seus filhos sozinhas (o índice no Brasil atinge 55%, segundo o Datafolha), o cansaço e a cobrança, de dentro e de fora, continuam a dar as cartas.

Não é à toa que a protagonista do livro e alter-ego da autora, Mia, sonha com o momento em que ela mesma pudesse deitar em posição fetal dentro das famosas caixas-berço fornecidas aos recém-nascidos pelo governo finlandês (o Brasil já teve versões dessas caixas, uma vez que uma lançada por Bela Gil).

“Acho que talvez eu seja mais sátira de mim mesma uma vez que mãe do que seria se tivesse aprendido a ser mãe com a segurança e a validação de um parceiro. Ou por outra, quando são duas pessoas, as forças provavelmente serão diferentes e você não precisa ser boa em tudo.”

Para ilustrar esse processo duplo de deslindar a maternidade e sua versão “solteira, sim, sozinha, também”, Härmälä desenha o momento em que Mia vira o meteoro que cai na vida pós-puerpério e aterrissa toda chamuscada no pavimento de um supermercado.

“O livro é em segmento fundamentado em minhas próprias experiências, em segmento em coisas que estavam acontecendo ao meu volta ou no meu círculo de amigos, e eu adicionei um pouco de ficção cá e ali pelo muito da história.”

Os obstáculos e solavancos ganham elementos exagerados e cômicos na narrativa. Seres parecidos com sibilas dão logo a real e apresentam outra caixa a essa novidade mãe.

“Querida mãe solo, seu porvir está traçado. Cá está uma caixa. Nós queremos colocar você nela. Para o futuro, você sempre será mais julgada que as outras mães. Sempre vai se restringir para fechar as contas. Você vai invejar famílias nucleares e casais felizes. Pensando muito, a caixa mais parece um caixão”, dizem elas, trazendo com o féretro as carpideiras que estão lá para julgar. E uma vez que evadir desse funeral maluco?

O trabalho de Härmälä mostra que não há ilusão que um pouco de perspectiva (ou alguma terapia) não corrija. A idealização das famílias nucleares dá lugar a histórias mais desagradáveis e com lastro na veras: um “ele provavelmente cozinha enquanto ela amamenta” vira “ele está é mandando mensagem para a amante”.

O livro, conta ela, começou a fluir num passeio com o carrinho de bebê depois de uma consulta “de médico ou terapeuta, um tanto assim, e eu estava comentando com um camarada toda essa loucura”.

Nos primeiros anos, porém, ela não conseguia fazer zero mais do que algumas fotos e pequenas anotações. “Tudo meio que ficou armazenado na minha cabeça esperando ser processado. E não havia uma vez que riscar quadrinhos quando minha filha era pequena. Eu sou professora de arte em uma escola em período integral, portanto estava continuamente perto do colapso/em modo de sobrevivência.”

Agora, diz, as coisas se acalmaram. “Senti que estava pronta quando minha filha ficou um pouco maior e tempo suficiente havia pretérito para eu lucrar perspectiva. Precisava ainda ser capaz de acessar as coisas dolorosas, mas não permanecer paralisada por elas. Em março de 2021, comecei a testar se as pessoas gostariam dos meus quadrinhos postando-os no Instagram anonimamente. Daí explodiu e acabei no [jornal britânico The] Guardian.”

Para estruturar os pedaços tragicômicos da vida de mãe solo, que incluem incursões nos aplicativos de namoro, ela encontrou inspiração na série “Fleabag”, de Phoebe Waller-Bridge. “Vi uma entrevista em que ela explicava que escrevia as cenas/piadas primeiro e construía a narrativa depois. Foi uma vez que eu e minha editora Niamh Jones trabalhamos. Eu tinha fragmentos, memórias e piadas que precisávamos fazer funcionar uma vez que narrativa linear.”

E ainda havia um bônus. “Com os quadrinhos, conheci muitas mães solo amáveis e ouvi tantas histórias que são muito mais difíceis do que a minha. Se deixarmos as pessoas se aproximarem ao compartilharmos nossa história, elas também vão poder compartilhar a delas e, de repente, estamos menos sozinhas. A rede de base de outras mães solo foi inestimável para mim durante os anos mais difíceis.”

O livro aposta no lado mais ácido do humor, mas termina numa nota otimista. “Se não estamos felizes agora, devemos lembrar que podemos ser felizes no porvir”, diz Härmälä.

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Folha

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