Marina diz que licenciamento ambiental sofreu "golpe de morte"

Marina diz que licenciamento ambiental sofreu “golpe de morte”

Brasil

O licenciamento ambiental sofreu um golpe de morte, disse a ministra do Meio Envolvente e Mudança do Clima, Marina Silva, ao comentar o projeto de lei (PL 2.159/2021) que estabelece um novo marco lícito para o licenciamento ambiental no Brasil confirmado no Senado com 54 votos favoráveis e 13 contrários nesta quarta-feira (21). 


Rio de Janeiro (RJ), 22/05/2025 – A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva durante celebração do Dia Internacional da Biodiversidade, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 22/05/2025 – A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva durante celebração do Dia Internacional da Biodiversidade, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Ministra do Meio Envolvente e Mudança do Clima, Marina Silva – Tomaz Silva/Filial Brasil

Porquê o texto foi túrbido pelos senadores, o projeto retorna à Câmara dos Deputados para novidade estudo. A proposta está em discussão há 21 anos, tendo tramitado 17 anos na Câmara dos Deputados e quatro anos no Senado. 

O texto confirmado dispensa de licenciamento ambiental atividades que não ofereçam risco ambiental ou que precisem ser executadas por questão de soberania vernáculo ou de calamidade pública. Também isenta de licenciamento os empreendimentos agropecuários para cultivo de espécies de interesse agrícola, além de pecuária extensiva, semi-intensiva e intensiva de pequeno porte.

“O governo é contrário a esse desmonte do licenciamento ambiental brasílico. O governo tem uma série de dificuldades em relação a uma base segura de sustentação. E isso varia para cada tema. Não é a primeira vez que a gente sofre alguma dessas derrotas, inclusive em agendas que são também estratégicas, mas vamos continuar dialogando o tempo todo com o Congresso”, disse a ministra Marina. 

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A ministra participou, nesta quinta-feira (22), da cerimônia em comemoração ao Dia Internacional da Biodiversidade, na sede do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Marina afirmou que caso se mantenha a demolição do licenciamento ambiental, os prejuízos não podem sequer ser mensurados neste momento. “Vai ter um processo em volume de judicializações porque muito do que foi confirmado é alguma coisa claramente inconstitucional”, acrescentou.

Porquê projeto, foi instituída ainda a Licença por Adesão e Compromisso (LAC), destinada a atividades ou empreendimentos de pequeno ou médio porte e de insignificante ou médio potencial poluidor. A licença poderá ser expedida mediante uma autodeclaração de adesão e compromisso do empreendedor, com os requisitos preestabelecidos pela mando licenciadora.

A relatora, senadora Tereza Cristina (PP-MS), disse que o objetivo da proposta é licenciar as obras no país com mais transparência, eficiência e justiça. Segundo ela, o marco regulatório atual, com regras sobrepostas, trava iniciativas importantes e desestimula investimentos responsáveis. 

“A proposta não enfraquece o licenciamento ambiental, muito pelo contrário. Ela reafirma o compromisso com o rigor técnico, exige estudos de impacto ambiental, audiências públicas e avaliações trifásicas para grandes obras. E até prega a pena para quem desrespeitar a legislação”, disse a senadora, acrescentando que hoje existem mais de 27 milénio normas ambientais no país. 

Em nota, o Ministério do Meio Envolvente e Mudança do Clima afirmou que um dos pontos mais críticos do PL é a emprego da Licença por Adesão e Compromisso (LAC), modalidade simplificada de licenciamento baseada na autodeclaração do empreendedor. Segundo a pasta, a proposta permite que empreendimentos de médio porte e potencial poluidor utilizem esse mecanismo sem a exigência de estudos prévios de impacto e sem a definição de condicionantes ambientais específicas. 


Rio de Janeiro (RJ), 22/05/2025 – A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva participa de plantação de árvore durante celebração do Dia Internacional da Biodiversidade, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 22/05/2025 – A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva participa de plantação de árvore durante celebração do Dia Internacional da Biodiversidade, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Marina Silva participa de plantação de árvore durante celebração do Dia Internacional da Biodiversidade, no Jardim BotânicoTomaz Silva/Filial Brasil

De pacto com o ministério, na prática, o texto permitiria o uso da LAC para um percentual significativo de empreendimentos que atualmente são licenciados. Aliás, esses empreendimentos seriam monitorados por amostragem, dispensando a premência de fiscalização, pelo órgão ambiental, de todos os empreendimentos licenciados por essa modalidade.

A proposta também prevê a emprego da LAC a projetos porquê geminação de rodovias e dragagens, inclusive em regiões sensíveis e habitadas por comunidades vulneráveis, que podem ser autorizados sem qualquer estudo técnica prévia, aumentando o risco de danos ambientais e sociais, segundo o ministério.

Outra questão considerada “alarmante” é a utilização da LAC porquê instrumento de regularização de empreendimentos em operação sem qualquer licença ambiental. Para o Ministério do Meio Envolvente e Mudança do Clima (MMA), a LAC deveria ser adotada somente para projetos de pequeno porte, insignificante impacto e que não envolvam áreas sensíveis, sempre com verificação do Relatório de Caracterização do Empreendimento (RCE) por secção do órgão licenciador.

Observatório do Clima

Para o Observatório do Clima, o projeto confirmado no Senado é o maior ataque à legislação ambiental das últimas quatro décadas, desde a Constituição Federalista de 1988.

Segundo a coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, o Senado, liderado por David Alcolumbre (União-AP), cravou nesta quarta-feira a implosão do licenciamento ambiental no país. De pacto com a profissional, o texto ainda irá à Câmara dos Deputados, mas no retorno à Lar iniciadora muito pouco pode ser feito para emendar os seus inúmeros problemas e inconstitucionalidades.

O licenciamento se transformará, na maioria dos processos, “num estreitar de botão”, sem estudo ambiental e sem avaliação de impactos ambientais, disse a coordenadora.

“Contribuíram para o resultado a visão arcaica e negacionista da bancada ruralista, a miopia de representantes do setor industrial que querem meio envolvente só na esfera discursiva e a lentidão e fraqueza do governo federalista em suas reações no Legislativo. Lembraremos por muito tempo do dia em que se fragilizou completamente a principal utensílio de prevenção de danos da Política Pátrio do Meio Envolvente”, afirmou Suely.

Biodiversidade

O Ministério do Meio Envolvente e Mudança do Clima realizou nesta quinta-feira na sede do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, cerimônia em comemoração ao Dia Internacional da Biodiversidade com o lançamento de ações para fortalecer e progredir na proteção dos biomas brasileiros.

O Banco Pátrio de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Ministério da Paridade Racial (MIR) e o MMA anunciaram o parceiro gestor do Naturezas Quilombolas, projeto voltado ao fortalecimento da gestão territorial e ambiental de comunidades quilombolas da Amazônia Legítimo. 

O Instituto Meio de Vida (ICV), em parceria com a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas de Mato Grosso (Conaq-MT), foi selecionado por meio de seleção pública para conduzir a realização do projeto, que prevê a destinação de até R$ 33 milhões em recursos não reembolsáveis do Fundo Amazônia para estribar iniciativas em 40 territórios quilombolas da região amazônica.


Rio de Janeiro (RJ), 22/05/2025 –O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante durante celebração do Dia Internacional da Biodiversidade, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 22/05/2025 –O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante durante celebração do Dia Internacional da Biodiversidade, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, na zona sul da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O presidente do Banco Pátrio de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante  – Tomaz Silva/Filial Brasil

O objetivo é prometer a sustentabilidade dos modos de vida, das atividades produtivas e do manejo dos bens ambientais nesses territórios, promovendo a implementação da Política Pátrio de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse que “fortalecer as comunidades quilombolas é também investir na preservação ambiental do Brasil”.

“Em um contexto de emergência climática e progressão do desmatamento, reconhecer e estribar esses territórios pode ser uma das estratégias mais eficazes para proteger os biomas brasileiros, pois esses povos são verdadeiros guardiões da biodiversidade”, afirmou Mercadante. 

Para a ministra da Paridade Racial, Anielle Franco, “esse é o maior investimento nessa política, tão necessária, que reconhece que os quilombolas são os que melhor preservam o meio envolvente, com os seus modos de vida e sistemas produtivos sustentáveis. 

Também foram anunciadas a geração da Percentagem Técnica de Jardins Botânicos; pacto de Cooperação Técnica entre o MMA, Ibama e ICMBio para implementação da Política Pátrio de Recuperação da Vegetação Nativa e do Projecto Pátrio de Recuperação da Vegetação Nativa.

O presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Sergio Besserman Vianna, destacou a preço da integração da preservação das espécies ameaçadas da flora na política pública e nas ações do Ministério do Meio Envolvente.

Fonte EBC

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