O campus-sede de uma das maiores instituições privadas de ensino superior do Rio Grande do Sul, a Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), se converteu, há pouco mais de 20 dias, em abrigo provisório para milhares de vítimas das enchentes que arrasaram o estado.
Localizada em Canoas, na região metropolitana de Porto Satisfeito, a Ulbra chegou a acomodar, no início do mês, muro de 8 milénio pessoas. Algumas delas chegaram ao lugar de helicóptero, resgatadas por forças de segurança nos momentos mais dramáticos da inundação, que tomou conta de quase todo o bairro Mathias Velho, o mais populoso da cidade, com muro de 150 milénio habitantes.
É dali, inclusive, que veio grande secção das pessoas alojadas na universidade, que mobilizou toda a sua estrutura para receber as famílias em salas de lição e ginásios. As aulas foram suspensas, inicialmente, e retomadas na última semana, de forma remota. Segmento dos alunos, professores e funcionários são também voluntários.
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A Ulbra passou a receber milhares de doações, de várias partes do país, ampliou a estrutura de chuveiros e organizou, por meio de voluntários, atendimento médico, psicológico, fisioterapia, oferta de medicamentos, entre outros. Há cozinhas para o preparo da comida doada e secção das refeições também é recebida pronta, enviadas por doadores.
Alguns desses voluntários são os próprios abrigados, uma vez que o par Juliano Ramos, 33, e Aline Lacerda Martins, 37.
“Faço de tudo, limpeza de banheiro, na cozinha, no que precisa”, conta Aline, moradora do Mathias Velho. “Eu só digo que para o Mathias Velho, eu não volto mais”, diz.
Juliano conta que nunca viu uma enchente uma vez que esta, e se diz grato às pessoas que o resgataram. “Quem salvou nós, quem ajudou tirar a minha mãe, que tem cancro, foram os voluntários. Por isso também eu estou nesse trabalho”, afirma.
Incertezas
A preocupação com o porvir das moradias é geral aos abrigados ouvidos pela reportagem da Sucursal Brasil, que visitou a Ulbra na manhã desta terça-feira (21). “Se o governo desse uma força, porque tem tanto lote vazio. Essa é a nossa esperança”, afirma Terezinha Silva, 72, pensionista do Instituto Vernáculo do Seguro Social (INSS).
Terezinha relata que eram 16 horas do dia 3 de maio quando, em pouco tempo, a chuva invadiu sua mansão, também no bairro Mathias Velho, chegando na profundeza do peito. Ela teve que se refugiar no caminhar superior do sobrado de uma vizinha até ser socorrida e levada para a Ulbra, junto com o marido, unicamente com algumas mudas de roupa e documentos pessoais, tudo o que conseguiu pegar.
Com muro de 20 dias no abrigo, Terezinha sente falta da sua vida de antes, embora agradecida pelo protecção.
“Muito confuso [aqui], cada qual com seus costumes. É difícil, mas estamos vivendo. Graças a Deus, estamos amparados”, afirma.
Décio Luiz Gonçalves, 63 anos, pessoa com deficiência, estava deixando o abrigo quando foi abordado pela reportagem. “Cá foi bom, fomos muito tratados, médicos 24 horas atendendo a gente, alimento boa (…), mas a gente estava ficando doente, resfriado, cá é muita umidade e insensível”, conta.
Ele e familiares enchiam uma pequena carreta com colchões e outros objetos, todos doados, já que ele só conseguiu salvar os próprios documentos. “Agora, vou para a mansão do meu genro em Novidade Santa Rita [cidade da região metropolitana]”, revela. Sua mansão em Canoas segue inundada, e Décio não sabe proferir se continuará vivendo no mesmo lugar ou não.
“Vai ser uma luta. Acho que a gente vai precisar de muita ajuda”.
Funcionamento
Na Ulbra, muita gente já deixou o abrigo, embora o campus mais pareça uma cidade com milhares de alojados e diversos serviços ocorrendo ao mesmo tempo. No último jantar, foram servidas quase 3 milénio refeições, mas o número não é preciso porque muitos passam o dia fora do lugar.
Os alojados foram divididos em grupos que permitiu a disposição de famílias juntas, blocos separados para mulheres, pessoas idosas, pessoas com deficiência e crianças autistas, entre outras divisões.
Quem tem bicho de estimação também pode permanecer com ele no abrigo.
É o caso Claiton da Silva Lacerda, 25, que tem duas cadelas.
Ele está no abrigo junto com o marido e a sogra, uma senhora de 98 anos, acamada e sob os cuidados de ambos.
“Ontem, eu estive visitando a minha mansão e perdi tudo. Não tem uma vez que restabelecer zero”, lamenta.
Claiton trabalha na zona sul de Porto Satisfeito, no extremo oposto de onde está agora, e foi dispensado de se apresentar no tarefa enquanto perseverar a situação de calamidade.
Ele também não sabe proferir se voltará para a mesma residência, ainda inundada, no bairro Mathias Velho. “Não sei se a gente vai permanecer no mesmo lugar, porque a gente vive de aluguel”.
O jovem também reclama da falta de informações sobre a assistência do Poder Público. “A gente não teve pedestal, ninguém fala zero. Para deslindar, a gente tem que entrar na rede social. Não se fala zero sobre auxílios, uma vez que vai permanecer”, reclama.
Há muro de 10 dias, a Força Vernáculo do SUS montou um Hospital de Campanha no campus. E, nos últimos dias, a Caixa Econômica Federalista abriu um posto de atendimento para os alojados da Ulbra, para orientar e regularizar contas digitais do banco para o saque de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), recebimento do Bolsa Família, para quem já está com cadastro legalizado.
Programas
Da secção do governo do estado, uma novidade edição do programa Volta por Cima foi instituída com a licença de auxílio financeiro para famílias vítimas das chuvas e enchentes. No totalidade, foram disponibilizados R$ 50 milhões para beneficiar 20 milénio famílias, com parcela única de R$ 2,5 milénio para unidades familiares desabrigadas. Para quem não foi não contemplado, o Comitê Gestor dos recursos arrecadados por meio do pix SOS Rio Grande do Sul determinou a distribuição de R$ 2 milénio a 428 famílias do Vale do Taquari, totalizando uma distribuição de R$ 856 milénio neste primeiro lote, segundo o governo gaúcho.
A distribuição priorizou as áreas mais afetadas do estado que já possuem infraestrutura adequada para iniciar a recuperação e a reconstrução. Nos próximos dias, serão anunciadas novas fases de pagamento, abrangendo outras cidades.
Já o governo federalista, lançou nesta segunda-feira (20) o site para as prefeituras do Rio Grande do Sul cadastrarem as famílias que receberão a parcela única do Auxílio Reconstrução, no valor de R$ 5.100 . Cada família poderá usar o verba para comprar itens perdidos durante os alagamentos ou para reformar imóvel onde mora ou trabalha. O governo estima que muro de 240 milénio famílias sejam beneficiadas, a partir de um investimento de R$ 1,2 bilhão.
Além do Auxílio Reconstrução, o governo federalista anunciou medidas para as pessoas que tiveram suas casas destruídas pelas chuvas e enchentes nas áreas urbanas. O número de residências afetadas no estado ainda não foi contabilizado. Entre as iniciativas, será realizada a compra assistida de imóveis usados para beneficiários das faixas 1 e 2 do programa Minha Vivenda, Minha Vida. A fita 1 abrange famílias com renda bruta familiar mensal de até R$ 2.640, enquanto a fita 2 atende famílias com renda mensal entre R$ 2.640,01 e R$ 4.400.
Outra ação prevê a obtenção de imóveis em processo de leilão da Caixa e do Banco do Brasil que estejam desocupados, imóveis via chamada pública de proprietários interessados na venda e obtenção de imóveis de construtoras que seriam oferecidos ao mercado.