'o grande gatsby' faz 100 anos como ícone da ostentação

‘O Grande Gatsby’ faz 100 anos como ícone da ostentação – 14/05/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

“O Grande Gatsby” está fazendo século anos. Lançado em 1925 por F. Scott Fitzgerald, portanto de somente 28 anos, o romance foi praticamente ignorado à era em que foi publicado, mas hoje é considerado uma obra-prima da literatura americana e continua a ser venerado em relançamentos, debates, teses, filmes e peças da Broadway.

Mais que isso: “O Grande Gatsby” virou uma referência estética e cultural. Quando alguém quer mencionar ao otimismo e ostentação da “era do jazz” dos anos 1920 nos Estados Unidos, é no livro de Fitzgerald —e principalmente em seu personagem-título, um magnata misterioso e melancólico, cuja riqueza veio ninguém sabe de onde— que buscam inspiração, em frases porquê “o numerário não pode comprar felicidade, mas pode comprar um embarcação para ir até lá” ou na famosa descrição do sorriso de Gatsby.

“Era um desses sorrisos raros que têm em si um pouco de segurança eterna, um desses sorrisos com que a gente talvez se depare quatro ou cinco vezes na vida. Um sorriso que, por um momento, encarava —ou parecia encarar— todo o mundo eterno, e que depois se concentrava na gente com irresistível sentença de parcialidade a nosso obséquio.”

Talvez a obra de Fitzgerald ecoe com tanta força hoje por ter antecipado ondas porquê o luminar a celebridades, o fascínio pela vida dos ricos e famosos e o louvor à ostentação. Não é à toa que a cultura do hip hop, com sua celebração da subida pessoal e do poder da grana, abraçou Gatsby porquê um dos seus.

A trilha sonora de uma das versões do livro para o cinema, dirigida em 2013 por Baz Luhrmann e com Leonardo DiCaprio porquê Gatsby, trouxe faixas de artistas porquê Jay-Z, Beyoncé, André 3000, Will.i.am e Q-Tip. E em 2003, o filme “G”, dirigido por Christopher Scott Cherot, transformou Gatsby num magnata preto do hip hop que procura reconquistar o paixão de sua vida, Daisy Buchanan.

A estrutura narrativa do livro é voyeurística: vemos as festas nababescas da mansão de Gatsby em Long Island pelos olhos de um sujeito sem status social para frequentá-las, Nick Carraway, o narrador da história.

Carraway aluga um bangalô humilde que fica ao lado da imponente mansão de Gatsby, de onde vê a movimentação no jardim e a chegada de carros de último protótipo trazendo os “jet-setters” de Novidade York para os rega-bofes disputados de Gatsby.

Nas primeiras 40 páginas do livro, Gatsby não aparece. Ele é um espírito, uma entidade, pairando sobre a vida dos convivas, muitos, segundo Carraway, não convidados para as festas. “As pessoas não eram convidadas, iam para lá. Metiam-se em automóveis que as conduziam a Long Island e, de qualquer modo, acabavam sempre parando à porta de Gatsby.”

Carraway acaba convidado para uma das festas pelo próprio Gatsby, curioso por saber o vizinho pobretão. E a vida dos dois se entrelaça: ele é primo distante de Daisy, o paixão da vida de Gatsby, mas o par se separa quando o ricaço vai lutar na Primeira Guerra Mundial e ela acaba se casando com Tom, um brutamontes insensível e racista, que a trai com Myrtle, esposa do possuidor de um posto de gasolina.

A história reflete a vida do próprio Fitzgerald, que, aos 18 anos, se apaixonou por uma socialite rica, Ginevra King, só para ver o romance proibido pelos pais dela, que não aprovaram a união da filhinha com um pé-rapado.

Fitzgerald vai para a guerra e descobre, durante o combate, que Ginevra havia se casado com um executivo, mas ele acaba conhecendo e se apaixonando por Zelda Sayre, com quem se lar em 1920, depois de fazer sucesso com o romance de estreia, “Nascente Lado do Paraíso”

F. Scott Fitzgerald morreu de um ataque do coração em 1940, aos 44 anos, bêbado e falido. Deixou quatro coletâneas de contos, quatro romances e um quinto, “O Último Magnata”, incompleto.

Não viveu sequer para ver as tropas americanas na Segunda Guerra Mundial receberem cópias de “O Grande Gatsby” —foram mais de 120 milénio exemplares enviados para a risca de combate— ou para aproveitar a reavaliação sátira de sua obra, que acontece com força na dez de 1960.

Fitzgerald morreu, mas Gatsby vive e está cada dia mais saudável, ainda acreditando na “luz virente” e no “orgiástico porvir que, ano depois ano, se afastava de nós”.

Folha

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