Desde que foi deflagrada a operação Tempus Veritatis da Polícia Federalista, os grupos públicos de mensageria analisados pela Palver apresentaram intenso debate político. Entre compartilhamento de notícias e comentários acerca da operação, as menções a Jair Bolsonaro (PL) atingiram, em 8 de fevereiro, o maior patamar dos últimos 30 dias.
Em grupos de apoiadores do ex-presidente, vídeos e mensagens começaram a rodear em tom de prenúncio ao Poder Judiciário.
Em mensagens enviadas em grupos públicos de WhatsApp, usuários desafiavam o ministro Alexandre de Moraes (STF) a prender Bolsonaro.
Em uma das mensagens, acompanhada de um vídeo que traz trechos de uma fala do ex-deputado federalista Deltan Dallagnol (Novo), há menção a uma provável guerra social e incitação à violência. As menções ao termo “GUERRA CIVIL” mais do que triplicaram no dia 8 de fevereiro com relação aos dias anteriores.
Desde 8 de fevereiro, as discussões se mantiveram aquecidas, mas sem um tema meão direcionando o debate.
A partir de 12 de fevereiro, começou a rodear nos grupos o vídeo do ex-presidente convocando seus apoiadores para o ato na avenida Paulista. Desde logo, houve uma distribuição massiva de teor sobre o tema nos grupos públicos de mensageria, e a taxa ganhou destaque tanto nos grupos de oposição quanto nos grupos de pedestal ao ex-presidente.
Um vídeo do TikTok, com a marcação da conta @renata_patriota, que apareceu na modelo de grupos pela primeira vez no dia 15 de fevereiro, confirmava a presença do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e do presidente da Argentina Javier Milei no ato convocado por Bolsonaro.
Apesar de reportagem publicada pela Folha apontando a inviabilidade das presenças ilustres, conteúdos similares se intensificam nos dias seguintes, acompanhados sempre da convocação para o evento.
No domingo, 18 de fevereiro, começaram a ser distribuídas mensagens desmentido as presenças internacionais.
O texto, direcionado aos patriotas, dizia que os boatos foram criados pela esquerda para frustrar as expectativas dos apoiadores do ex-presidente, e que, ao notarem as ausências célebres, teriam a sensação de desprestígio de Bolsonaro.
No último sábado (24), no entanto, uma live produzida no YouTube e divulgada nos grupos confirmou que Trump e Milei estariam presentes na avenida Paulista. Outras mensagens que circularam no mesmo dia incluíam a presença de Elon Musk e Netanyahu entre os confirmados.
Uma das estratégias utilizadas na informação das redes é fazer uso de pautas que estejam em evidência para se beneficiar da popularidade do tema.
Nesse sentido, na mesma semana em que parlamentares de oposição protocolaram o pedido de impeachment contra o presidente Lula (PT) por conta da verificação entre as ações de Israel em Gaza com o Imolação, as mensagens relacionadas à convocação para o ato foram adaptadas ao contexto.
Depois o vídeo inicial de Bolsonaro solicitando aos manifestantes que não levassem faixas ou cartazes, houve intensa informação sobre as instruções, entre elas o pedido para vestir virente e amarelo.
Desde o dia 21, mas, mensagens pediam aos manifestantes que levassem também a bandeira de Israel, uma vez que forma de provar pedestal aos judeus. Essa adaptação, além de aproveitar o destaque do tema, tinha uma vez que objetivo produzir uma antagonização com Lula, inflando a base política de Bolsonaro.
Na noite do sábado (24), circularam mensagens e vídeos nos grupos dos apoiadores de Bolsonaro apontando a presença de infiltrados na Paulista.
No vídeo com tom de denúncia, os infiltrados seriam os responsáveis pela colocação de cartazes e placas com mensagens com ataques ao STF e aos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino. As mensagens também acusavam os infiltrados de querer promover baderna e confusão durante o ato.
O sentimento de pânico também prevaleceu nas mensagens que procuravam relacionar a fuga dos presos da penitenciária federalista em Mossoró (RN) com a existência de um projecto maior para testilhar Bolsonaro.
Outros usuários compartilharam informações de que centenas de milhares de soldados do Tropa estariam de prontidão para realizar prisões durante o ato, incluindo a do ex-presidente.
Outro pânico aventado foi a possibilidade de confronto com as torcidas organizadas, que estariam infiltradas. Esses medos foram amenizados em mensagens que destacaram que o efetivo da Polícia Militar de São Paulo teria sido reforçado para proteger os manifestantes.
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