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“James”, o livro de Percival Everett que venceu o Pulitzer e o National Book Award, “é basicamente um tirocínio de perspectiva narrativa”, uma vez que afirma o crítico Luiz Mauricio Azevedo.
A obra reconta “As Aventuras de Huckleberry Finn”, de Mark Twain, romance clássico originalmente publicado em 1885, pela perspectiva de Jim, personagem ex-escravizado agora espargido uma vez que James.
A renovação da obra literária é também uma maneira de renovar o mundo, segundo o crítico, e refletir sobre uma vez que chegamos até os dias de hoje.
Para erigir o narrador de “James”, Everett releu “Huckleberry Finn” 15 vezes seguidas. A teoria médio do livro, segundo a reportagem de Gabriel Trigueiro, é que a negritude é uma performance que se faz prioritariamente através da linguagem.
Em “Huckleberry Finn”, Jim é um personagem unidimensional, infantilizado e simplório. Já o James de Everett é apresentado uma vez que uma pessoa profunda, um intelectual erudito que sonha com Voltaire e John Locke, também com habilidade de dissimulação social desenvolvida uma vez que estratégia de sobrevivência. Quando os brancos se aproximam, sua perceptibilidade “vai embora”.
Acabou de Chegar
“Orbital” (trad. Adriano Scandolara, DBA Literatura, R$ 79,90, 192 págs.) rendeu o mais recente prêmio Booker a sua autora, Samantha Harvey, que narra as aflições de seis astronautas que observam a Terreno de uma nave espacial. Para o editor Walter Porto, a formação em filosofia de Harvey fica evidente já nas primeiras páginas da leitura —a autora, segundo ele, “prioriza sempre a reflexão à ação, enchendo as personagens de lembranças, aflições e uma grande habilidade de reparo”.
“As Perfeições” (trad. Bruna Paroni, Todavia, R$ 59,90, 112 págs.), de Vicenzo Latronico, conta a história de um jovem parelha de nômades digitais italianos. O romance, segundo a sátira Ligia Gonçalves Diniz, tenta apresentar a frivolidade dos millennials, mas se torna tão superficial e histrião quanto seus protagonistas. “É difícil entender o sucesso que o livro vem obtendo na recepção internacional”, escreve Diniz.
“O Ódio pela Verso” (trad. Leonardo Froés, Fósforo, R$ 67,90, 80 págs.) analisa por que tantas pessoas anseiam por preceituar a morte do gênero. Segundo o responsável Ben Lerner, o suposto ódio por poemas vem da expectativa frustrada de que ofereçam alguma coisa impossível, além do alcance da linguagem. “As pessoas que dizem odiar verso, na verdade, mantêm com ela uma relação dialética. Elas a recusam, mas ao mesmo tempo esperam dela alguma coisa a mais”, diz o responsável em entrevista a Carolina Faria.
E mais
Um dia, uma vez que conta à jornalista Marcella Franco, a escritora Giovana Madalosso viu uma mãe arrumando o lenço na cabeça de uma moça que estava careca e parecia estar fazendo quimioterapia. A cena a fez chorar. Madalosso considerou isso um sinal para seu próximo livro. A protagonista do novo “Batida Só” (Todavia, R$ 74,90, 240 págs.) é posta diante de um diagnóstico de arritmia cardíaca que origina dúvidas e medos.
Em “Imortalidades” (Companhia das Letras, R$ 89,90, 432 páginas), o ensaísta Eduardo Giannetti convida o leitor a confrontar a própria finitude, propondo exercícios de imaginação sobre o momento da morte. Ao explorar a resistência humana ao termo, o livro bebe de diversas fontes. “Tanto o brasílio Machado de Assis quanto o prateado Jorge Luis Borges escreveram contos intitulados ‘O Imortal’, o que não lhe passa derrotado”, escreve a repórter Anna Virginia Balloussier.
O jurisconsulto José Roberto de Castro Neves foi eleito na última semana para ocupar a antiga cadeira de Marcos Vilaça na Liceu Brasileira de Letras. O mais novo imortal da ABL é plumitivo de diversos livros sobre recta e recentemente lançou seu primeiro romance. “Ozymandias” (Intrínseca, R$ 59,90, 216 págs.) propõe uma narrativa fantástica sobre a formação da identidade brasileira. Uma vez que o responsável disse à jornalista Carolina Faria, trata-se de “uma tragédia grega que se passa no Brasil”.
Além dos Livros
O diretor da Livraria Mário de Andrade, Guilherme Galuppo Borba, avisou seus funcionários que seria exonerado do incumbência depois menos de cinco meses. Segundo a Prefeitura de São Paulo, a maior livraria pública da cidade está em “período de transição”. “Ainda estou vivendo o luto de um sonho (…) nesta livraria tão querida, fui feliz, mesmo que no pequeníssimo e atribulado tempo de uma novidade gestão”, afirmou Borba em epístola de despedida obtida pela reportagem de Walter Porto e Eduardo Moura. Seu sucessor deve ser Rodrigo Massi, atualmente na SPTuris.
O Prêmio São Paulo de Literatura gerou polêmica ao exigir na última semana, pela primeira vez, que os livros inscritos estivessem disponíveis também em formato de ebook. Essa medida, uma vez que explica o Pintura das Letras, teria potencial de excluir obras de editoras e autores independentes. Posteriormente críticas da classe literária, a organização voltou detrás e retirou a exigência.
No último ano, o mercado de livros brasílio viu uma queda de 1% no faturamento totalidade. Livros didáticos caíram em vendas, enquanto audiolivros e ebooks se tornaram mais populares. Os dados são da maior pesquisa anual do setor editorial, coordenada pela Câmara Brasileira do Livro e pelo Sindicato Pátrio dos Editores de Livros e realizada pela consultoria Nielsen.