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Em 2014, no posfácio de seu “Vida de Cinema”, Cacá Diegues escreveu: “Não penso que as coisas me aconteceram por obra e perdão de preferência ou pena divinas. Elas aconteceram mais por obra que por perdão. Mesmo que tenha sido pouco, fui eu que fiz”.
Mas o roteirista, produtor, cineasta e repórter brasílio não fez pouco. Morto na última sexta-feira (14), Diegues deixa um legado de clássicos do cinema brasílio uma vez que “Bye Bye, Brasil” (1979) e obras de vanguarda uma vez que “Ganga Zumba” (1963).
Segundo o editor-assistente da Ilustrada, Henrique Artuni, “Diegues contemplou as grandes questões sociais do país, da miséria à questão racial e da modernização do Brasil”. O próprio diretor escreveu em seu livro que sempre tentou ser “cúmplice de seu tempo”.
No mesmo livro, Diegues afirma que “o Ser não existe —só existe o Sendo, aquilo que somos no metódico embate com as circunstâncias”. Em outras palavras, a nossa existência é um processo contínuo de transformação e adaptação.
Com a morte de Cacá Diegues, abre-se uma vaga na ABL. Segundo a editora do F5 Cleo Guimarães, entre os nomes citados por acadêmicos para ocupar a cadeira sete estão a jornalista Míriam Leitão, o romancista Alberto Mussa e o cantor Caetano Veloso.
Acabou de Chegar
“A Conversa” (trad. Floresta, Amarcord, R$ 99,90, 352 págs., R$ 49,90, ebook) é uma espécie de romance de formação ilustrado do americano Darrin Bell, primeiro quadrinista preto a vencer o Pulitzer. Publicado originalmente no ano retrasado, o livro, que mostra uma vez que o racismo moldou a vida e a curso de seu responsável, sai no Brasil depois de ele ser estagnado nos Estados Unidos pela posse de dezenas de imagens de pornografia infantil —ele se diz puro. Segundo o repórter Diogo Bercito, o “incidente pode destruir uma curso que era, até cá, de subida”.
“Delito Sem Punição” (Matrix, R$ 58, 208 págs., R$ 39,90, ebook) trilha o caminho de documentos e evidências sobre o homicídio do ex-deputado Rubens Paiva pela ditadura. O livro da jornalista e pesquisadora Juliana Dal Piva sai no momento em que a trajetória do ativista volta a invocar a atenção devido ao sucesso de “Ainda Estou Cá”, sobre a viúva dele. “O ideal é que não se pare no filme. Que aproveitemos esse momento para furar caminho” para falar sobre as outras vítimas, disse a autora em entrevista à repórter Clara Balbi.
“Sociopata: Minha História” (trad. Beatriz Medina, HarperCollins Brasil, R$ 69,90, 352 págs.) é uma narrativa autobiográfica sobre uma vez que a psicóloga Patric Gagne passou a entender o que a fazia dissemelhante das outras pessoas. Diagnosticada unicamente na vida adulta, Gagne escreve uma vez que na puerícia furtava óculos e na juventude dirigia carros roubados pela Califórnia. A autora contou ao repórter João Gabriel de Lima que decidiu encanar sua robustez para o “estudo da psicopatia” antes que fosse presa.
E mais
Espargido por suas críticas aos abusos do poder, o artista Cildo Meireles prepara com a editora Ubu um livro sobre a trajetória de seu pai, figura importante na luta pelos direitos dos indígenas do Brasil, conta o Tela das Letras. Ele foi responsável por investigar o massacre de 26 membros da etnia kraô no Tocantins na dez de 1940. A pressão que exerceu para responsabilizar os envolvidos foi bem-sucedida, mas acabou lhe custando a curso.
“O Dia em que Eva Decidiu Morrer” (Vestígio, R$ 67,90, 224 págs., R$ 47,90, ebook), do jornalista Adriano Silva, conta a história de uma filósofa brasileira que viajou à Suíça para fazer o procedimento de morte voluntária assistida. O livro, segundo o repórter privativo Ivan Finotti, “não se furta a assumir uma posição sobre o objecto” e vai contra a teoria de sermos obrigados a, nas palavras de Silva, “morrer de forma horroroso”.
Morreu na última semana o artista de teatro, tradutor e cineasta José Rubens Siqueira, aos 79 anos, em decorrência de um cancro. Ele traduziu mais de 200 títulos, incluindo de autores uma vez que J. M. Coetzee, Toni Morrison e Salman Rushdie. Estava em papeleta no Sesc Consolação com uma montagem de “O Jardim das Cerejeiras”, de Anton Tchekhov, dirigida por Ruy Cortez.
Além dos Livros
Em um pausa de horas, o STF marcou e desmarcou o julgamento do caso sobre “Quotidiano da Prisão”, livro de Ricardo Lísias das quais narrador é uma versão ficcionalizada do ex-deputado Eduardo Cunha. O ministro Alexandre de Moraes ordenou o recolhimento da obra porque sua envoltório traz a assinatura “Eduardo Cunha (pseudônimo)”, o que, segundo o magistrado, induz o leitor a crer que ela foi de trajo escrita pelo ex-deputado. Lísias, por sua vez, acusa o juiz de exprobação.
No primícias do mês, milhares de volumes da coleção de livros que pertenceram a Haroldo de Campos foram retirados da Moradia das Rosas, na avenida Paulista, e levados para um repositório. Na semana passada, o irmão do poeta, Augusto de Campos, chamou a decisão da secretaria da Cultura de “violação cultural”. “São 21 milénio volumes de subida qualidade literária, artística e histórica que passam a ter dificultado o seu aproximação”, disse o também poeta ao repórter Claudio Leal.
Rashid Khalidi, um dos principais historiadores sobre o Oriente Médio hoje, faz em livro um relato sóbrio e pessoal sobre o conflito de mais de centena anos entre israelenses e palestinos. Segundo o professor Leonardo Avritzer, “o responsável está em uma posição única para realizar esse empreendimento”: seu avô, seu pai, seu tio e ele mesmo ocuparam e ocupam posições centrais na liderança palestina desde o final do século 19.