O Senado entregou, nesta quinta-feira (27), o Prêmio Bertha Lutz a 19 mulheres que se destacaram na resguardo dos direitos femininos e de questões de gênero no país. A homenagem foi realizada no plenário do Senado Federalista.
Instituído em 2001, o nome do prêmio é uma homenagem à bióloga, advogada e diplomata paulista Bertha Lutz, reconhecida uma vez que líder feminista e pela luta pela instrução brasileira, no século 20. Bertha Lutz batalhou pelos direitos políticos das mulheres, pelo voto feminino e foi deputada federalista entre 1935 e 1937. Ela perdeu o procuração em 1937, com a implantação do Estado Novo, que suprimiu os órgãos legislativos do país.
O Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz é entregue anualmente em março, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher.
A senadora Leila Barros (PDT-DF), que presidiu a sessão no Senado exclusivamente convocada para a entrega do prêmio, fez referência a duas das agraciadas com o prêmio, as atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, filha e mãe, respectivamente. Fernanda Torres venceu, em janeiro, o Mundo de Ouro uma vez que melhor atriz de drama e concorreu ao Oscar pela atuação no filme brasílio Ainda Estou Cá, de 2024. Fernanda Montenegro, de 95 anos, tem notória trajetória de oito décadas na dramaturgia. Em 1999, Fernandona, uma vez que é chamada, foi indicada ao Oscar de melhor atriz seu papel no filme Medial do Brasil.
Tanto Ainda Estou Cá quanto Medial do Brasil foram dirigidos pelo brasílio Walter Salles.
Segundo a senadora, o diploma é ato de resistência a toda forma de discriminação contra a mulher, “contra a discriminação, contra o machismo estrutural, contra a vexame e contra a desigualdade salarial de gênero também”.
Uma vez que parlamentar, a senadora Leila Barros reafirmou a prestígio da participação das mulheres em todos os espaços de decisão e de poder.
“Não podemos perder a oportunidade de fazer justiça, de prometer que mais mulheres ocupem as cadeiras legislativas. Precisamos de mais mulheres na política. A sub-representação feminina resulta em políticas públicas que nem sempre atendem as nossas demandas. Precisamos lutar por cotas, manter o financiamento adequado e testificar a estrutura para que as mulheres tenham condições de disputar e vencer eleições”, afirmou Leila.
Na rombo da sessão, o senador Eduardo Gomes (PL-GO) reconheceu que as desigualdades de gênero atravessam gerações e desejou que se encerrem um dia. “A pretexto feminina é pela paridade e pela justiça. É a luta contra a discriminação, contra a violência de gênero e a desigualdade salarial, a luta pela equiparação de oportunidades, pela separação do trabalho doméstico, pela efetiva inclusão social.”
A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) ressaltou que a proteção dos direitos humanos das mulheres deve ser de responsabilidade de pessoas do gênero masculino também.
“Nosso alerta é para que possamos nos unir de verdade, todos os setores, todos os homens e todas as mulheres, para que tenhamos paridade de verdade”, enfatizou Soraya.
Homenageadas
Na edição de 2025 do prêmio, as 19 personalidades agraciadas em diferentes áreas foram:
1. Ani Heinrich Sanders, produtora rústico do Piauí;
2. Antonieta de Barros (in memoriam), primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil, por Santa Catarina;
3. Bruna dos Santos Costa Rodrigues, juíza do Tribunal de Justiça do Ceará;
4. Conceição Evaristo, escritora e membro da Liceu Mineira de Letras;
5. Cristiane Rodrigues Britto, advogada e ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos;
6. Elaine Borges Monteiro Cassiano, reitora do Instituto Federalista de Mato Grosso do Sul;
7. Elisa de Roble, pediatra, professora universitária e membro da Liceu de Medicina de Brasília;
8. Fernanda Montenegro, atriz e membro da Liceu Brasileira de Letras;
9. Fernanda Torres, atriz e escritora;
10. Janete Ana Ribeiro Vaz, empreendedora e cofundadora do Grupo Sabin;
11. Jaqueline Gomes de Jesus, escritora, professora e primeira gestora do sistema de cotas para negros da Universidade de Brasília (UnB);
12. Joana Marisa de Barros, médica mastologista da Paraíba;
13. Lúcia Willadino Braga, neurocientista e presidente da Rede Sarah de Hospitais de Reparação;
14. Maria Terezinha Nunes, coordenadora da Rede Isenção e ex-coordenadora do Programa Pró-equidade de Gênero e Raça do Senado;
15. Marisa Serrano, ex-senadora;
16. Patrícia de Amorim Rêgo, procuradora de Justiça do Ministério Público do Acre;
17. Tunísia Viana de Roble, ativista dos direitos maternos e infantojuvenis;
18. Virgínia Mendes, filantropa e primeira-dama de Mato Grosso;
19. Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna.
Em nome de todas as premiadas, a juíza Bruna dos Santos Costa Rodrigues disse que, apesar de a data relembrar lutas e vitórias das mulheres, e que ainda existem desafios. “Saímos daqui conversando sobre o que faremos para aquilo que nós não queremos. Saímos daqui mais decididas, mais empoderadas e com muito mais fé de que vale a pena, a vida presta”, disse a juíza, citando fala da atriz e homenageada Fernanda Torres.
“Na taxa de gênero, não existe esquerda ou direita. A taxa é única porque é o recta humano. Todos e todas querem que o Brasil seja reconhecido, não por violar os direitos humanos, uma vez que tantas condenações que temos junto às cortes internacionais, mas por ser um país que executa e dialoga para que os direitos humanos, a paridade das mulheres, o recta de viver, o recta de se vestir uma vez que quiser, o recta de ser o que quiser e de não estar a todo tempo pela pecha do machismo e do racismo que são presentes na nossa sociedade”, afirmou, em exposição a juíza.
Bruna Rodrigues mencionou ainda a escritora Conceição Evaristo, presente à cerimônia de entrega dos diplomas, segundo a qual, “o importante não é ser o primeiro. O importante é transfixar caminhos”.